18 de agosto de 2018

Evolução Nem Tanto Evolutiva

Lucid Dreams
Juice WRLD

A música é um organismo vivo e está sempre evoluindo, mudando e se adequando as novas condições que é submetida pelo público e a indústria fonográfica. A nova "mutação" é o surgimento do que vem sendo chamado de hip hop/rap emo que tem como principal característica as letras sentimentais e que sonoramente absorve elementos do indie rock. Apesar da recente popularidade, o subgênero ainda não gerou nenhum grande artista que irá elevar essa sonoridade em novos termos. Enquanto isso não acontece ficamos com nomes como Juice WRLD. O seu maior sucesso até o momento é a mediana Lucid Dreams que mostra as qualidades e o defeito dessa nova geração.

O primeiro e melhor aspecto de Lucid Dreams e, também, do hip hop/rap emo é a sensibilidade em que mostra na composição. Falando sem ter medo de um coração quebrado e os seus sentimentos em relação a essa desilusão amorosa, Juice WRLD mostra que os tais "milênios" tem uma visão possivelmente mais desconstruída sobre a masculinidade que os seus antecessores e até mesmo alguns contemporâneos. Claro, isso não é novidade no hip hop, pois nomes como Eminem ou Jay-Z já fizeram isso anos atrás. E aqui entra um dos problemas em Lucid Dreams: a letra beira o "breguismo" ao ser um trabalho raso, meio forçado em vários momentos e quase soando com uma criança que perdeu a chupeta. Falta experiência e qualidade lirica para conseguir transformar esse estilo em algo realmente profundo para expressar sentimentos tão complexos. Sonoramente, Lucid Dreams é uma cruza de indie, rap e com toques de dreampop com latin music que até rende bons momentos quando parece buscar uma delicadeza em acordes de transição entre um verso e outro, mas que ainda soa genérico demais no resultado final. Aceito perfeitamente que o futuro do rap/hip hop possa ser dividido nas mãos de Juice WRLD e CIA, mas é preciso que encontrar o estágio final dessa evolução o mais rápido possível.
nota: 6,5

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