15 de julho de 2019

Primeira Impressão

Hurts 2B Human
P!nk


Para conseguir realmente apreciar o oitavo álbum da carreira da P!nk é necessário conhecer de alguma forma os outros trabalhos da cantora, pois Hurts 2B Human é um álbum com todas as marcas e a personalidade da dona do hit Get the Party Started. Se de um lado isso é uma pedra no caminho já que não ajuda a mesma a "recrutar" um novo público, o outro deixa claro que a P!nk está na plena forma artística e que ainda tem espaço para arriscar dentro de uma margem de segurança.

Quem acompanha desde o inicio ou já ouviu os primeiros álbuns da carreira da P!nk sabe que a cantora encontrou exatamente o seu nicho no lançamento do seu quarto álbum I'm Not Dead de 2006. E qual é exatamente esse nicho que a cantora conseguiu estabelecer com sucesso? Basicamente, a sonoridade da cantora é um maduro e bem pensado pop contemporâneo que flerta a todo instantes como electropop, pop rock, country e toques de folk aqui e ali. Nada revolucionário, mas sempre feito com uma maestria inspiradora, colocando a cantora como uma das artistas mais constantes que surgiu no final da década de noventa. E, quando vocês sabem, a receita vem resultando em ótimos frutos, mesmo que nos últimos tempos a cantora não tenha emplacado nenhum hit nas paradas. Todavia, os álbuns da cantora continuam vendendo muito bem e Hurts 2B Human continua nessa mesma toada sem quase nenhuma modificação. Felizmente, a receita ainda parece está funcionando.


Assim como no antecessor Beautiful Trauma, Hurts 2B Human é um bem realizado, maduro e com personalidade trabalho pop contemporâneo que apresenta uma leve modificação no encaminhamento da sonoridade da cantora. Dessa vez, a mudança não é tanto de gênero e, sim, de "pegada", pois o álbum apresenta um ritmo mais lento que o costume. A cantora preferiu investir em canções menos dançantes e mais mid-tempos e baladas, deixando o álbum com uma cara bem mais séria que normalmente a mesma imprimi em suas trabalhos. Além disso, gêneros como o indie pop/rock, folk e country se destacam com visibilidade aumentada durante o curso do álbum. Para aqueles que não acompanham de fato a carreira isso pode soar como se o álbum fosse uma espécie de Man of The Woods, mas a verdade é que a sonoridade da cantora sempre teve essa característica. O que acontecia é a mesma estava diluída no meio de canções com apelo pop comercial. Então, a mudança aqui é apenas uma elevação ao destaque do que a cantora já fazia e, não, uma mudança dramática de sonoridade. Um ótimo exemplo disso é a parceria com o cantor country Chris Stapleton: Love Me Anyway é uma delicada e dramática country pop com toques de folk que pode causar estranheza em quem não conhece canções como Mean (Funhouse ) e Misery (M!ssundaztood). Claro, entendo que a decepção de muitos em relação ao álbum, principalmente devido ao fato que o mesmo realmente cai de qualidade na sua parte final com canções com forte inclinação genérica e nada realmente excitante. Entretanto, o que não entendo é o não reconhecimento das qualidades da P!nk como uma compositora excepcional e uma vocalista sensacional.

Trabalhando com nomes de sempre e novos nomes, P!nk continua a mostra a sua capacidade de abrir o seu coração em canções desconcertantes sobre seus problemas pessoais. A cantora continua a mostra uma sensibilidade tocante ao falar sobre as inseguranças que tem sobre o amor. A cantora continua a falar sobre desilusões, auto-imagem, corações quebrados e as bagagens que herdamos de nossos erros e acertos. Apesar de não alterar muito a temática, a cantora parece ter mudando o foco das suas composições ao passar de uma posição questionadora e agressiva para uma contemplação e reflexão que a maturidade a proporcionou. Isso não tirou, contudo, a maestria que a artista tem de colocar todo isso em verdadeiras canções pop com todas as suas peculiaridades. Obviamente, cada canção contem a personalidade ímpar da cantora impressa em cada momento como é o caso da que dá nome ao álbum Hurts 2B Human em parceria com um dos nomes do momento Khalid e na tocante Happy sobre os seus problemas com a própria imagem. Vocalmente, não há muito mais do que simplesmente continuar a elogiar a capacidade da cantora de segurar qualquer tipo de canção com a mesma intenção e força que vai do simples dançante (Hustle) para a balada pop rock mid tempo (Walk Me Home) até a mais pura balada a base de violão (My Attic). o melhor momento da canção é a indie rock/eletrônico 90 Days em parceria com o desconhecido Wrabel que poderia ser um possível hit estilo Just Give Me a Reason. Só que isso não é algo que a P!nk parece muito preocupada em alcançar, pois o que tiramos de conclusão em Hurts 2B Human que a cantora realmente encontrou a sua voz e, gostando ou não, a mesma não irá se curvar ao desejos de ninguém. Felizmente, a minha opinião é que a mesma está certinha e não precisar mudar em nada. 

Um comentário:

lucas lopes disse...

Amo a minha artista desde 2001, mas não gostei tanto do álbum. Acho que ela fez à toque de caixa para sair da gravadora. Achei apenas ok.