12 de janeiro de 2021

Primeira Impressão

Confetti
Little Mix



O Little Mix alcançou um patamar que poucos vencedores de um reality show musical tiveram a capacidade de fazer: a libertação do seu contrato vinculado ao prêmio de primeiro lugar do The X Factor. Depois do término da gravadora do Simon Cowell (Syco), as integrantes da girl band finalmente podem ter espaço verdadeiro para mostrarem o motivo de serem um dos melhores nomes saído do reality britânico ao decidir qual caminho seguir artisticamente e, principalmente, sonoramente. Em Confetti, o Little Mix mostram que estão longe de apenas serem um produto feito ao entregarem o trabalho com mais personalidade de a sua carreira. Infelizmente, o álbum também sofre de falhas graves que não colaboram para que a girl band realmente mostrem com eficácia do são capazes. 

Escrevi esse primeiro parágrafo antes da saída oficial da Jesy Nelson e, por isso, a resenha ganha alguns contornos diferentes do que eu tinha planejado, pois o álbum marca o final de uma era que deveria ter sido o começo de uma nova. Uma pena que o resultado final é além do esperado. Confetti funciona até a sua metade, pois a partir daí as coisas desmoronam como um verdadeiro castelo de cartas em uma ventania. Ao contrário dos álbuns anteriores, o sexto trabalho da girl band é o que menos se arrisca sonoramente, entregando uma enxuto e direto trabalho pop que agrega dance-pop, electropop e synth-pop revestido por uma espessa camada radiofônica. E é aí que a divisão se instala no álbum: enquanto a primeira metade é redondinha e carismática, a segunda metade termina de forma sem graça, sem foco e com escolhas sonoras equivocadas. Acredito que, mesmo não tentando ousar além da conta, a produção resolveu tentar arriscar ao introduzir quebras de expectativas em canções equivocadas ou/e apenas esquecíveis. Pode ser que essa sensação seja algo pessoal, pois, ouvido Confetti, não consegui conectar de maneira sincera com o trabalho de uma forma geral. Parece que uma parede entre o meu gosto pessoal e o resultado do álbum. Isso não quer dizer que o trabalho não tenha coisas realmente boas. E uma delas é o até então o quarteto. 

Mesmo terem sido envernizadas após ganharam o The X Factor UK, as quatro integrantes do Little Mix são extremamente talentosas. Grandes vocalistas individualmente e com uma química perfeita, as jovens é a cola não que apenas gruda tudo em Confetti, mas, também, a base que sustenta tudo de forma robusta. Possivelmente, o álbum é um dos ápices do apelo, carisma e qualidade vocal do Little Mix. E fica bem claro na melhor canção do álbum, Holiday, que, apesar de alguns errinhos, “consegue se sustentar em pé sozinha devido, principalmente, do refrão cativante e as performances sólidas de todas as integrantes da girl band”. E isso é o que necessário para segurar as letras que transitam entre a expiação amorosa e a exaltação do empoderamento que as integrantes construíram ao longo dos anos. Em Break Up Song, a girl band finalmente dá o pé bunda no boy lixo para finalmente se libertarem. Depois de começar a curar as feridas, a integrantes descobrem o amor próprio em Happiness. Confetti, faixa que dá nome ao álbum, mostra que é possível ser feliz sozinho, especialmente depois de se livrar de quem faz mal. Todavia, o momento mais significante do álbum é na libertadora Not a Pop Song em que o Little Mix canta a sua liberdade artística com a icônica frase: I don't do what Simon says /Get the message 'cause it's read. Uma pena que o álbum não continua na mesma pegada de qualidade na sua parte final, salvando de fato apenas a sexy sem ser vulgar Rendezvous. É pouco difícil escrever essa resenha, pois quero ver o Little Mix como a força pop que merece ao ser melhor aproveitado artisticamente. Agora é esperar para ver como será os próximos passos do agora trio.

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