“Canção que dá nome para o álbum, What's Your Pleasure? é uma fantástica e arrebatadora post-disco/electropop com toques de soul que parece navegar entre 1978 e 2020 como se fosse um manipulador do tempo. Sensual, encorpada, envolvente, dançante, divertida, poderosa, carismática e com uma produção classuda ao extremo, a canção tem uma composição econômica liricamente, mas que acerta em todos os sentindo ao ser marcante, elegante, bem pensada e dona de um refrão memorável. Outra qualidade importante é que, apesar de ter quase quatro minutos e quarenta, What's Your Pleasure? passar tão rápido que deixa uma imensa sensação de quero mais que aumenta o fator viciante que a canção possui. E a cereja em cima do bolo é a performance sensacional de Jessie que consegue manter a sua personalidade e, ao mesmo tempo, elevar a sua faceta de diva pop para outro parâmetro. Infelizmente, a canção parece relegada a não conhecer o sucesso comercial como outras bem inferiores lançadas nesse ano.”
4. Jesus Christ 2005 God Bless America The 1975 & Phoebe Bridgers
“Jesus Christ 2005 God Bless America, nome extremamente curioso e significativo para a canção, não tem nada de revolucionário em sua construção, pois o seu cerne é de indie rock/folk com uma base simples de violão que a transforma em uma canção contida e melancólica. Mesmo assim, o efeito que causa é de um verdadeiro soco no estômago. Primeiramente, a canção tem uma composição avassaladora sobre se sentir deslocado do resto de mundo devido a sua condição sexual. Ao narrar uma crise existencial de uma pessoa tem que lidar com sentimentos que vão contra o que a sociedade a sua volta diz ser errado, especialmente em relação a religião e os seus dogmas. Com uma impressionante simples composição, Jesus Christ 2005 God Bless America entrega uma profunda, complexa e tocante letra que emociona verdadeiramente e deixa uma marca profunda em quem ouve. O ponto alto da canção, porém, são as interpretações do vocalista Matty Healy que com a magistral participação de Phoebe Bridgers que sem precisarem de muito conseguem emanar toda as emoções expostas na composição.”
“XS, faixa do magistral álbum debut da cantora, é o tipo de canção que você não sabe muito bem o que está acontecendo, mas que acaba amando de qualquer forma. Uma mistura esquisita e genial de art pop com indie, pop rock e electropop, criando um híbrido surpreendente, ousado, comercial e completamente viciante. Cheio de nuances primorosas e quebras de expectativas que apenas agregam ao resultado final, XS deixa bem claro que Rina tem disposição e talento para dar um passo além dentro do pop para fazer da sua sonoridade substancial e diferenciada. Falando de forma divertida e com uma acidez picante sobre consumismo e a necessidade de manter as aparências a todo o custo por meio da ostentação, a canção é entoada por uma inspirada Rina que se mostra uma diva pop com uma versatilidade e alcance monstruosos.”
“Apesar de ser um trabalho que transita em uma pegada mais alternativa/experimental, Murphy's Law é a canção mais tradicional do álbum, saindo quase que completamente da linha criativa. Entretanto, a canção, além de ser a melhor, ainda guarda pequenas e preciosas nuances que ajudam a elevar o resultado final a um outro patamar. Essas quebras se revelam bem no começo em uma espécie de introdução em que a cantora apenas declama parte do refrão ao som de batidas de palmas para depois dar uma guinada para o instrumental, repetindo na parte final o mesmo mecanismo do começo com algumas diferenças. Pode até parece bobo apontar essas ideias como algo que possa elevar a canção, mas é preciso ouvir Murphy's Law na sua totalidade para entender a genialidade dessas decisões. Especialmente no momento que isso ajuda a canção a dar ainda mais personalidade para a deliciosamente vintage batida disco/post-disco/soul do resto da canção que foi construída para a faixa. Envolvente, carismática, elegante, madura, poderosa, melódica e atemporal, o single ainda se beneficia da brilhante composição que deixa de lado construções de versos complicados por uma linguagem relativamente simples para narrar as aventuras da fatalidade de encontrar o ex em todo o lugar que vai. Usando o trocadilho com a lei de Murphy com o seu próprio, Róisín cria um perfeito exemplo de canção para chorar e dançar na balada.”
“Tentar definir de forma concisa qual a sonoridade de Shameika é tão complicado quanto definir o próprio álbum que a música saiu. E a canção é de longe a mais acessível de todo álbum. Tentando achar algumas palavras para classificá-la seria um indie jazz/rock alternativo com pinceladas fortes e marcantes de experimental e acid jazz. E mesmo assim parece faltar algo que consiga expressar toda a grandiosidade e genialidade por trás da espetacular, complexa e poderosa construção instrumental que vai colocando camadas por cima de camadas e que transforma Shameika em um verdadeiro desbunde sonoro. Liricamente, a canção é que apresenta a composição que mais chamou a minha atenção ao ser um trabalho ácido, divertido e sincero sobre o bullying quando criança e como a ajuda de uma desconhecida chamada Shameika a ajudou Fiona perceber o seu talento. E, queridos leitores, assim como uma Nostradamus moderna, Shameika acertou em cheio em sacramentar que Fiona Apple tinha potencial.”
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