23 de setembro de 2019

Entre o Pop e Arte

holy terrain (feat. Future)
FKA twigs

A linha entre o pop(ular) e a arte pode ser tão fina quanto ao de uma linha de costura e, ás vezes, nem existe essa separação. Entretanto, aqueles artistas que transitam precisam de extra cuidado e talento para não cair em lugares fáceis que esse caminho pode apresentar como, por exemplo, a tentação de ser apresentar algo soberbo intelectualmente ou que simplesmente seja apenas comercial. E uma das artistas que consegue entregar o perfeito equilibro entre a arte e o pop é a FKA twigs que, depois de entregar a genial cellophane, voltar a maravilhar com o lançamento da sensacional holy terrain.

A melhor definição sonora para holy terrain é que a FKA twigs foi capaz de criar uma das primeira trap indie pop art. De cada um dos gêneros fundidos, a canção se beneficia das melhores qualidades de cada uma: a batida marcante e bem marcada do trap, a sensação de quebrar as barreiras do convencional que o indie é impregnado, o delineamento estrutural do pop e o refinamento intelectual e estético que a elevação a categoria de art pode trazer. Tecnicamente, holy terrain é um espetáculo, mas é a sensação que canção exala que ajuda a transforma-la em um trabalho memorável. Sensual, delicada, romântica, dançante, sombria e com uma áurea de mistério que apenas adiciona nuances para o resultado final, holy terrain é um tipo de trabalho que parece feito para se descoberto anos depois de seu lançamento e virar algo o mais próximo do cult, pois não acho que boa parte do público atual esteja realmente preparado para a sua magnitude. Com uma composição inspiradíssima que consegue misturar imagens fortes com a expressão de sentimentos tão humanos e mundanos, FKA twigs entrega uma contida e avassaladora performance que a ajuda a colocar como uma das melhores artistas da atualidade. O único problema da canção é a interessante participação de Future que, apesar de boa, soa um pouco deslocada no contexto geral. De qualquer forma, holy terrain é um exemplo primoroso sobre como caminhar as difíceis, por muitas vezes, quase impossível estradas que dividem a arte e o pop.
nota: 8,5 

Um comentário:

João disse...

Eu amo muito essa mulher
Confesso que a música não me agradou de primeira, mas depois de ouvir mais vezes percebi a grandiosidade dela
FKA incrível como sempre