11 de março de 2018

Primeira Impressão

Black Panther: The Album
Kendrick Lamar



Representatividade sempre importou, mas apenas nos últimos anos que quem comanda os grandes veículos de entretenimento começaram a prestar a atenção realmente em direção as minorias, depois de muita luta de ativista de todos os tipos. Acompanhar o sucesso comercial e também da critica de vários filmes com representatividade é uma marco para qualquer que pessoa que, finalmente, se sente representada de fato na tela dos cinemas. E o Pantera Negra é a prova cabal dessa necessidade, sendo, ao mesmo tempo, um dos veículos que deve ajudar a melhor ainda mais a situação para um futuro próximo. E é ainda mais interessante pode notar que esse (r)evolução vai se conectando a várias faces dos mundo do entretenimento, pois podemos ouvir esse resultado na própria trilha sonora de Pantera Negra que foi "cuidada" por um dos melhores artistas da atualidade: o rapper Kendrick Lamar.

Black Panther: The Album é, ao mesmo tempo, um álbum com a marca de Lamar, uma trilha sonora com íntimos lanços com os personagens do filme e um trabalho comercial, isto é, um álbum que não teve a intenção de se aprofundar na temática e na sua sonoridade. O resultado dessa equação é um álbum bem produzido, cheio de boas ideais e sonoramente interessante, mas completamente superficial quando comparado com os outros trabalhos do rapper. Na verdade, Lamar nem está realmente presente em todas as canções, mesmo participando de todas as faixas. Explico: Lamar tem participações substâncias em cinco das quatorze faixas, sendo que a sua presença nas outra é mais um "backvocal" de luxo ao ter pequenas passagens em alguns versos ou no refrão. Essa presença/não-presença do rapper é sentido no momento em que percebemos que nenhum dos rappers que o mesmo convidou está a sua altura, pois todas as vezes que Lamar aparece não há espaço para mais ninguém. Mesmo sendo o protagonista "sumido" no álbum, a presença criativa dele é o que faz de Black Panther: The Album acima da média. Sonoramente, o álbum é um refinado, maduro e comercial hip hop/pop que consegue passar a imponência de Wakanda, misturando com o contemporâneo urbano. Faltou para mim, entretanto, colocar mais referências sonoras da África, apesar de apresentar em alguns momentos construções sonoras que remetem diretamente para o continente como em Seasons que tem a presença do artista sul-africano Sjava. Felizmente, o empoderamento afro que conseguimos perceber na grandiosidade das batidas e nas intenções por trás das boas composições ajudam o álbum a ser digno de ser a trilha de um filme tão importante. Os melhores momentos ficam por conta dos bons sigles All The Stars (Lamar e SZA), King's Dead (Jay Rock, Lamar, Future e James Blake), a legal Pray For Me (Lamar e The Weeknd), Bloody Waters (Ab-Soul, Anderson .Paak e James Blake), Paramedic! (SOB e RBE) e a melhor de todas Opps (Vince Staples e Yugen Blakrok). Acredito que como produtor executivo do álbum e produtor direto de várias faixas, Lamar não teve muito tempo em pensar como queria o álbum, mas conseguiu construir algo coeso que se tivesse mais tempo poderia criar uma obra primorosa.

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