6 de maio de 2022

Primeira Impressão

Familia
Camila Cabello





Sinceramente, prefiro resenhar um álbum que tenha dificuldade em encontrar as palavras corretas para descrever o quanto gostei do seu resultado do que saber exatamente o que quero falar, mas é para simples criticar de maneira bastante enfática o desastre que é um álbum como Familia da Camila Cabello.

Anunciado com um álbum que resgataria as origens latina da cantora, Familia é um desastre realmente inacreditável e quase impossível de apontar alguma coisa realmente boa. Desde o lançamento do single Don’t Go Yet que “teria tudo para ser uma ótima canção, mas perde a chance devido a decisões completamente equivocadas”, as expectativas para o terceiro álbum da Camila já não era altas, sendo confirmadas com o lançamento de Bam Bam, “uma simpática e redondinha mistura de latin pop, salsa e reaggaeton que não é o suprassumo e muito menos uma bomba”. Todavia, o resultado final de Familia é muito pior e, principalmente, incrivelmente horrível por todos os lados. A produção é comandada por Ricky Reed que tem na bagagem ótimos sucesso como, por exemplo, Truth Hurts / Good as HellJuice da LizzoBO$$ do Fifth Harmony e Alone da Halsey, mas que perde a mão completamente nessa tentativa canhestra, sem direção, pobre, cliché e completamente superficial sobre a música latina mais tradicional. Devo admitir que gosta dessa ideia, especialmente quando a tentativa tira de lado gêneros que estão em alta no mainstream, focando o lado da música latina mais “clássica”. Isso não quer dizer que o ditado não seja certo que de “de boas ideias, o inferno está cheio”, pois Familia vem para comprovar essa teoria do começo ao fim com uma coleção de canções vergonhosas, superficiais, esquecíveis, chatas, datadas e sem nenhuma força criativa genuína. É igual a comer um acarajé perfeito por fora e descobrir na hora de comer que é de plástico. O pior, porém, nem vem da produção e, sim, da própria Camila.

Sempre achei a Camila uma cantora limitada, mas sempre se mostrou esforçada e, principalmente, bem colocada na maioria das suas canções. Em Familia, porém, a produção vocal dada para a pobre coitada é de amargurar um torrão gigante de açúcar ao lado de uma colmeia de abelha jatai. As performances ouvidas no álbum transitam do péssimo e deslocado devido as escolhas dessa produção equivocada para o mediano e completamente sem graça e personalidade. Quero realmente acreditar que seja apenas um erro da produção vocal que Camila soe tão devastadoramente ruim, pois a cantora sempre se mostrou melhor do que é apresentado aqui e não deve ter regredido vocalmente a esse ponto. Existe uma canção apenas nesse desastre que tem algo que realmente posso elogiar de verdade: Lola. Com participação do cantor cubano Yotuel, a canção é um interessante latin pop/R&B que se inspira na sonoridade da Sade para criar uma crônica honesta sobre uma imigrante latina nos Estados Unidos. O resultado, porém, passa bem longe de ser uma canção realmente boa, mas isso não faz qualquer diferença já que se até mesmo fosse genial não teria nenhum peso para o resultado final. Apesar de fácil de escrever, a resenha de Familia é algo que realmente não gosto muito já que não gosto de “descer a lenha” em um trabalho que tem importância para a vida da jovem Camila. Uma pena.


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