12 de julho de 2022

Primeira Impressão

Three Dimensions Deep
Amber Mark




O primeiro álbum da carreira de um artista é um trabalho extremamente difícil de se “montar” devido ao peso de precisar ser várias coisas ao mesmo tempo. Precisa mostrar a capacidade do artista de uma vez só, mas, também, deixar espeço para o crescimento no futuro. Precisa resultar em um bom trabalho que possa angariar a curiosidade de crítico e o público. Precisa ser também uma boa amostra sobre a personalidade artística, mesmo que ainda tenha um caminho a frente para percorrer. Resumidamente: precisa ser muitas coisas ao mesmo tempo sem esquecer se pode expressar quem realmente é. Nem sempre dá certo para um artista novato, mas, felizmente, esse não é o caso do debut da cantora Amber Mark que alcança vários feitos no interessante Three Dimensions Deep.

Com uma carreira que data desde 2016, Amber Mark vem ganhando destaque no mundo R&B desde o lançamento do seu mini-album 3:33am em 2017. Em Three Dimensions Deep, a cantora faz a sua estreia definitiva com o lançamento de um debut que deixa muito bem claro a sua imensa capacidade, especialmente vocal. E é por causa dessa sua presença magnifica que o álbum ganha o seu toque especial para polir o resultado final. Amber consegue ser ousada quando precisa para depois recorrer ao uma performance mais tradicional, emoldurando nomes como Brandy, Erikah Badu e Faith Evans. Em nenhum, porém, a cantora parece imitar, pois consegue encontrar o seu lugar especial de maneira fluida e muito bem conduzida pela ótima produção vocal. Sempre versátil, Amber consegue encarar as mudanças sonoras do álbum com elegância pura e uma belíssima técnica. Isso é mais impressionante quando se percebe que Three Dimensions Deep é um álbum com dezessete faixas e mais de uma hora de duração. E é aqui que se encontra o maior defeito desse debut.

Apesar de conseguir se sustentar bem, o álbum perde a força que poderia ter devido a sua longa duração, deixando espaços abertos para criar algumas “barrigas”, isto é, momentos que se arrastam. Isso é notado especialmente na sua parte final, pois é até fácil se perder parte do interessante quando se escuta Three Dimensions Deep. Não por causa diretamente da qualidade das canções já que a produção se mantem sólida até em momentos menos interessantes e, sim, pelo cansaço de ouvir um trabalho tão longo. Coproduzindo várias faixas, Amber Mark coloca a sua visão sobre essa mistura refrescante R&B, neo soul, pop a R&B alternativo sem quebrar grandes barreiras e, sim, entregando um ótimo conjuntos de ideias bem desenvolvidas e texturas ricas em personalidade. O melhor momento do álbum se encontra na envolvente pop/soul What It Is devido a sua batida encorpada e deliciosamente reconfortante. A produção consegue entregar uma canção que consegue ter pinceladas modernas, mas que recorre ao uma nostalgia sincera para criar a sua rica atmosfera. Outro ponto importante de Three Dimensions Deep é como é divido o seu ciclo de temas em três “dimensões”: Começa com os altos e baixos de um fim de um romance para depois falar sobre a cura para essas feridas para terminar narrando sobre auto estima e procura pelo seu eu interior. Parece meio clichê, mas o resultado aqui é extremamente natural e bem pensado que realmente se torna uma qualidade do álbum. Outros momentos de destaque do álbum ficam por conta da abertura em One e a sua batida com influência hip hop, a dramática Most Men, a empoderada e emocional Healing Hurts, a pincelada disco em FOMOOn & On e sua clara inspiração nos trabalhos do começa de carreira da Mary J Blide, a delicada Cosmic, a sensacional atmosfera oitentista de Darkside e, por fim, a deliciosa Bliss. Three Dimensions Deep não é perfeito, mas é o debut perfeito para a carreira promissora de Amber Mark.

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