18 de outubro de 2022

Uma Transcendental Björk

Ancestress
Björk


Como disse na resenha de Ovule, Björk não é uma artista com uma discografia que é para ser facilmente destrinchada e entendida. Isso se estende para as suas composições que normalmente são construídas como poesias que transitam entre o surrealismo e o abstrato para falar sobre os mais banais dos sentimentos. E é por isso que ouvir Ancestress é tão magnifico e surpreendente.

Apesar de continuar a explorar imagens complexas, a cantora deixa muito bem claro que a composição é sobre a morte da sua mãe. E essa percepção vem de momentos de vários momentos de uma clareza tocante da lírica de Ancestress. A artista continua a criar imagens surreais, mas aqui o público é contemplado com versos diretos na sua intenção de mensagem que faz a gente até ficar desconcertados devido a visão clara quem temos do ser humano Björk como, por exemplo, o relato dos momentos de declínio da saúde da sua mãe ( “The doctors she despised/ Placed a pacemaker inside her”) ou de visões de como era a sua personalidade (“She had idiosyncratic sense of rhyth/ Dyslexia, the ultimate freeform/ She invents words and adds syllables”). Com a mistura desses tipos de versos com os de construção mais poéticas e metafóricos, Ancestress se tornar uma devastadora, impressionante, sentimental e tocante homenagem da Björk que encontram um lugar entre o sublime e o humano como poucas. Apesar de genial, a canção não alcançaria o mesmo nível sem a sua espetacular produção que faz dos mais de sete minutos de duração uma viagem no mais puro suco da sonoridade da Björk. Com o lançamento de Ancestress, o hype pelo lançamento de Fossora chega ao nível estratosférico.
nota: 9

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