Maruja
6 de abril de 2025
O Começo da Maturidade
Hello Heaven, Hello
YUNGBLUD
YUNGBLUD
Acredito que um artista de talento começa a realmente mostrar todo o seu potencial quando começo a amadurecer pessoal e artisticamente, mesmo que seu começo não tenha sido exatamente o mais inspirado. Com Hello Heaven, Hello, o cantor YUNGBLUD parece que irá seguir por esse caminho.
Não apenas a melhor canções do cantor até o momento, o single é realmente uma grande canção que deve facilmente integrar as melhores do ano. Com cerca de nove minutos, a canção é uma inspirada, épica, refinada e madura art rock/britpop com influencias de glam rock e post-grunge com uma estrutura épica e um instrumental realmente impressionante. Quase como duas canções unidas por um fio bastante claro sonoro, Hello Heaven, Hello funciona perfeitamente do começo ao fim devido a condução magistral de uma produção que conseguiu entender a sonoridade base do Yungblud e, ao mesmo tempo, teve a capacidade de aprofunda-la de maneira desconcertante e inteligente. E o cantor segura perfeitamente em uma performance raivosa, emocional e completamente embebido na sua personalidade. Tenho que apontar que a composição ainda soa clichê e sem um aprofundamento temático que possa realmente acompanhar o mesmo nível da produção, mas a letra é um trabalho bem escrito e bem finalizado. Espero de verdade que a carreira do Yungblud possa seguir nessa mesma toada, pois acho que se continuar assim teremos um artista realmente em transformação artística.
nota: 8,5
Uma Nova Não Tão Nova
CUPID'S GIRL
MARINA
Depois de mostrar algumas das suas peculiaridades com o single anterior, a Marina volta a entrar uma canção com a sua cara em CUPID'S GIRL.
Dessa, porém, a cantora escolheu um caminho mais fácil ao emoldurar a sua própria sonoridade ao buscar influencias da era Electra Heart quando ainda era Marina and the Diamonds. Uma elétrica e carismática synth-pop com toques de dark pop e alt pop que capta perfeita a atmosfera do começo da carreira da artista com perfeição sem soar como nostalgia barata ou uma pastiche rasa. E isso é algo bem difícil de fazer, mas a produção acerta na construção de um instrumental classudo. CUPID'S GIRL também a mesma característica lírica do “material” que é baseado ao ser ácida, chiclete, inteligente e com um fator pop bem grande. Apesar de gostar da entrega da Marina vocalmente, especialmente a mostra da versatilidade ao mudar a voz entre os versos e o refrão, esse último perde certo impacto devido a essa escolha. Felizmente, a canção é uma outra amostra que a Marina acerta quando é ela mesma se medo.
nota: 8
Divertido É Bom
antidepressants
bbno$
bbno$
Uma coisa que sinto meio falta é aqueles artistas que tem um senso de humor distorcido e um ponto de vista única para a musica. Acho que esse pode ser o caso do canadense bbno$ (se fala baby no money).
Conhecido pela canção Lalala de 2019, o rapper segue a linha “engraçadão”/meio tio do pavê que, sinceramente, funciona melhor do que esperado. E isso é ouvido na divertidíssima antidepressants. Primeiramente, a produção é uma deliciosa e viciante hip house/rap/pop rap que é basicamente um banger genuíno. O problema da canção é sua duração de menos de dois minutos que dá a impressão de quando a gente empolga com a canção já termina. Em segundo, bbno$ entrega uma ótima performance que combina perfeitamente com a vibe da canção e, também, com a composição completamente despretensiosa, hilária e que tem uma boa mensagem ao “desmitificar” de certa forma o uso de antidepressivos. E mesmo não sendo uma música marcante, antidepressants cumpre com louvor a sua proposta: ser divertida.
nota: 7,5
No Limite
Itty Bitty
Ashnikko
Ashnikko
Existe uma categoria de musica que fica no limite exato entre o divertido e o irritante que é difícil de atingir, mas de tempo em tempos surge uma nova integrante desse clube. Esse é caso de Itty Bitty da Ashnikko.
Com influência clara do começo dos anos noventa e a canções que tinha forte apelo sexual/cômico, a canção busca ser uma electropop com toques de hip house/EDM com uma batida tão “in your face”, estilizada e sem amarras de querer agradar que quem se deixar embarcar vai realmente gostar do trabalho pelo o que é de verdade: despudorada e divertida. E tenho que admitir que eu embarquei nessa onda totalmente, pois acho Itty Bitt sensacionalmente criativa e engraçada. O grande ponto alta da canção e que, sinceramente, ajudou para que me conquistasse é o uso primoroso de Short Dick Man que é uma boa ilustração sobre a ideia da canção. Quem não conhece a canção basta jogar no Google junto com Planeta Xuxa para saber o quanto a canção é icônica dentro da sua proposta. E isso é aproveitado perfeitamente pela Ashnikko, pois não apenas a melodia como, também, a “temática” para a construção da hilária e estilizada composição sobre o uso de uma minissaia. Para saber se você vai gosta de Itty Bitt é só responder se você gosta de WAP ou My Humps, pois se for positiva para uma das canções então as possibilidades são altas. Se não, pode passar longe.
nota: 8
O Efeito Doja
Just Us
Jack Harlow & Doja Cat
Jack Harlow & Doja Cat
Tem alguns artistas que só as suas presenças são o suficiente para salvar uma canção do desastre total. É assim com a Doja Cat em Just Us do Jack Harlow.
Mesmo achando que com o material certo, o rapper pode até entregar uma boa performance que não é o caso desse desperdício de talento e de uma boa ideia. Começa pelo fato de que o verso da Doja é o que parece manter de pé essa pop rap/cloud rap, pois a sua performance injeta a personalidade que se adequa a proposta da canção. E até que o instrumental tem uma boa construção, mas não tem a menor profundidade para explorar as possibilidades que poderia ser a salvação da lavoura. E o grande problema Just Us é performance apática de Jack, especialmente nos primeiros versos que tudo parece se fundir em uma massa sem graça, gosto, textura ou cor. É uma perda do que poderia ser uma boa canção, mas que pelo menos a Doja Cat se sai quase totalmente ilesa.
nota: 5
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