YUNGBLUD
29 de junho de 2025
Uma Balada de Respeito
Zombie
YUNGBLUD
YUNGBLUD
Já estabelecido que a nova fase do Yungblud é o seu renascimento artístico, o cantor continua a surpreender com o lançamento de Zombie.
A canção não tem nada de diferente ou ousado, mas, sim, demonstra a grande e natural maturidade do artista na sua nova era ao entregar uma competente, sólida e cativante power balada pop rock/rock alternativo. E isso é algo que poderia resultar em uma canção apenas mediana ou boazinha, mas que ganha um verniz sensacional devido à construção robusta de um instrumental. É o tipo de canção que realmente não se escuta com tanta facilidade atualmente, produzida de maneira tão honesta e competente. Entretanto, o grande destaque da canção é a sensacional presença vocal do Yungblud, que entrega uma emocional e emocionante performance que consegue elevar a boa composição de Zombie para o nível certo, deixando bem clara toda a sua significação. E assim temos mais uma peça para a transformadora virada de carreira do Yungblud.
nota: 8
De Volta
Nettles
Ethel Cain
Ethel Cain
Depois da experimentação de Perverts, a Ethel Cain começa a preparar o terreno para o lançamento do seu segundo álbum, intitulado Willoughby Tucker, I'll Always Love You. E, como primeiro single, foi lançada Nettles.
Voltando ao caminho da sua sonoridade mais tradicional, a canção é uma madura e substancial americana com pinceladas de alt-country e folk que, apesar de toda a qualidade, não “bateu” totalmente para mim. Analisando mais de perto, devo admitir que o principal motivo é devido à sua composição. Uma bela e madura crônica sobre amadurecimento e o medo de perder quem se ama no processo, Nettles ficou devendo um “soco” mais forte no estômago para criar uma conexão realmente sincera na minha percepção. Consigo ver todas as qualidades, mas não tive a conexão que queria, especialmente por realmente perceber o quanto a música é bem produzida. Com um instrumental impecável, a duração de oito minutos passa quase sem que a gente perceba, e a excepcional e mágica performance da Ethel é um deleite para os ouvidos. Todavia, Nettles é uma canção que não marcou território no meu consciente. Fico feliz, porém, que a cantora está de volta.
nota: 8
Moderado
Outside
Cardi B
Cardi B
Depois de um hiato de nada mais que sete anos, a Cardi B finalmente vai lançar o seu segundo álbum: Am I the Drama?. Como primeiro single oficial, foi lançada Outside.
A canção é um começo “moderado” para o sucesso de Invasion of Privacy, já que está longe do ápice da rapper, mas também não é exatamente uma decepção gigantesca. A grande qualidade da canção é a presença gigantesca da Cardi B, pois é na performance da rapper que a canção encontra o seu ponto de equilíbrio e, também, o carisma suficiente. Sonoramente, Outside é uma sólida, bem estruturada e pouco imaginativa trap/hip hop que não deixa faltando aquele toque especial para termos algo realmente especial. Entretanto, a canção cumpre bem o papel de ser esse carro-chefe da nova era da Cardi B, especialmente devido à boa composição, que é uma boa amostra do estado mental da rapper. Agora é esperar para ver se a Cardi B ainda vai ter o poder que a fez uma força há sete anos atrás.
nota: 7
Classudo & Mordenoso
Folded
Kehlani
Kehlani
Folded, single da Kehlani, é um tipo de canção que consegue unir passado e presente de maneira tão acertada que resulta em uma canção realmente sensacional.
Uma balada R&B contemporânea, a canção acerta o tom de ter uma batida que cruza as referências do gênero de décadas atrás e adiciona uma carga pesada das referências atuais, fazendo as duas vertentes se encontrarem de maneira praticamente perfeita sonoramente. Tenho que admitir que sinto falta de um toque especial para a canção ser de outro nível, mas isso não tira o brilho do especial instrumental de Folded e da sua estilosa e emocional composição. Entretanto, o grande brilho da canção vem da performance madura, poderosa e cativante da Kehlani. É o tipo de canção que surge do nada e cumpre tudo sem a gente pedir.
nota: 8
Pop No Limite
Pretty Ugly
Zara Larsson
Zara Larsson
Uma das características bem-vindas de uma canção pop é a capacidade de estar no limite entre o divertido e o irritante e ainda ser uma boa canção. E quem está bem no limite mesmo desse equilíbrio é a Zara Larsson com Pretty Ugly.
Com produção de MNEK e Margo XS, a canção é uma explosiva e caótica mistura de eurodance, pop rap e R&B contemporâneo que consegue ter identidade própria, mas está a um passo de ser irritante ao extremo, especialmente devido ao refrão exagerado e estereofônico. Se isso ocorresse em toda a canção, seria um desastre iminente, mas, felizmente, a produção dá nuances bem legais e criativas para todo o resto. Além disso, Zara segura muito bem Pretty Ugly, entregando uma das suas melhores performances, mesmo ainda não tendo vocais que a distingam do resto de suas contemporâneas. Isso cria uma canção que funciona bem, mas fica a um passo de ser um desastre.
nota: 7
22 de junho de 2025
Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single
Mr. Brightside
The Killers
The Killers
Apesar de ser fã do The Killers, nunca realmente mergulhei na discografia da banda nos anos iniciais. Então, resolvi resenhar o single que os fez estourar em um distante 2003: o clássico moderno Mr. Brightside.
Lançada como o primeiro single da banda do seu primeiro álbum (Hot Fuss), a canção foi um imenso sucesso comercial, especialmente para o gênero/estilo da banda, ficando no top dez da Billboard e da parada britânica, com uma vendagem total de cerca de 20 milhões de cópias. Esse sucesso ajudou a transformar a banda em um fenômeno mundial, consolidando, de certa maneira, a sonoridade da banda nessa época e como ela ficou gravada no consciente coletivo. Tenho que admitir que isso é bem fácil de notar aqui, mas também preciso admitir que a canção não envelheceu tão bem.
Mr. Brightside ainda é uma ótima canção, mas parece datada e presa a um período de tempo muito bem definido para a sonoridade da banda e da época. E isso tira certo brilho ao final, já que a despe da possibilidade de ser algo realmente atemporal. Felizmente, a canção, que foi produzida pela própria banda, mantém a sua qualidade de ser um trabalho refinado e grandioso ao ser uma estilizada pop rock/new wave, com pinceladas de post-punk, que se diferencia das bandas de sucesso comercial da mesma época ao ter uma sonoridade mais voltada para um público mais maduro.
Com um grande instrumental, produção criativa e uma melodia fantástica, a canção tem na sua composição outro elemento fundamental para o sucesso do The Killers, que é essa capacidade de criar algo realmente grudento/viciante, saído dos laboratórios do mais puro pop e, ao mesmo tempo, com profundidade temática e um estilo lírico próprio. Mesmo não sendo o melhor momento da sua carreira, os vocais de Brandon Flowers são decisivos para que Mr. Brightside funcione na sua totalidade devido à sua distinta e poderosa presença. Vinte anos passados do seu lançamento, a canção tem um lugar devido na história da música, mesmo que não seja o mais genial.
nota: 8
Lembranças & Futuro
Suzanne
Mark Ronson & RAYE
Mark Ronson & RAYE
Você já se perguntou que tipo de música um artista que já se foi estaria fazendo se ainda estivesse vivo? Em Suzanne, single de Mark Ronson ao lado de Raye, podemos ter uma breve e sentida noção do que poderia ser a carreira de Amy Winehouse.
Bem longe de ser uma cópia do período em que o produtor trabalhou com Amy, a canção parece ter essa “atmosfera” familiar que poderia ser o que a cantora de Rehab estaria fazendo, especialmente pela construção sonora. Trata-se de uma refinada e graciosa pop soul vintage, apesar de menos sombria. É estranho e, ao mesmo tempo, um presente para quem ainda sente falta de Amy.
Felizmente, a presença de Raye, mesmo que lembre a força de Amy, encontra um lugar só seu devido à maestria com que a britânica comanda a canção, especialmente nos versos, nos quais é possível perceber toda a sua capacidade de contadora de histórias. A canção poderia ser mais eficiente com um final mais editado e pungente, pois a parte final soa arrastada devido ao clímax prolongado, que poderia ter sido melhor compactado. De qualquer forma, é um bom encontro entre um passado e o futuro da música, que funciona de verdade, mesmo que ainda nos faça sentir certa tristeza pelo que não pode ser.
nota: 8
2 por 1 - bbno$
boom
mary poppins
bbno$
mary poppins
bbno$
É preciso ter um gosto muito especial para gostar das músicas do rapper bbno$. Felizmente, ou infelizmente, tenho que admitir que tenho esse gosto, pois só assim para ter gostado do duo boom e mary poppins.
Ambas são singles do seu novo álbum. As canções são trabalhos que ficam totalmente dentro do escopo entre o prazer culposo e o irritante. E isso eu entendo perfeitamente, mas funciona se você se desligar um pouco e deixar rolar. Em boom, tenho que apontar que a canção desliza para o irritante devido à construção rítmica e lírica, com a repetição do nome da canção para criar um efeito humorístico. bbno$ tem, porém, uma presença tão despretensiosa e carismática que a canção funciona principalmente devido a isso. Todavia, mary poppins funciona bem melhor e de verdade devido à ótima produção, que entrega um pop rap/hip house tão divertido e grudento que fica difícil não se deixar levar. Além disso, o rapper entrega sua melhor performance, pois tem mais espaço para explorar sua própria persona. Não me orgulho de achar o bbno$ ótimo, mas também não vou me envergonhar de gostar de um delicioso prazer culposo.
notas:
boom: 7
mary poppins: 7,5
mary poppins: 7,5
Um Tema Para Rosé
Messy
ROSÉ
ROSÉ
Existe um rito de passagem para uma cantora pop em carreira solo que é quase uma constante, que é ter uma música como tema de um filme. Esse é o caso de Messy, da Rosé.
Um dos temas do filme F1, a canção é uma tradicional, restrita e sólida balada pop que não decepciona de vez, mas também não empolga. É uma canção tão meio do caminho que a gente meio que esquece que ouviu assim que terminou de tocar. Messy, porém, é salva devido à ótima performance da Rosé, que entrega o que a canção precisa e mais um pouco, especialmente dando emoção para a batida composição. Acredito que, com uma canção melhor, Rosé poderia facilmente ter uma baladona poderosa e não essa canção apenas mediana.
nota: 6,5
15 de junho de 2025
O Passado Bate a Sua Porta
Skin (The Collaboration Remix Edit)
Madonna
Madonna
Eis que, vindo do nada, Madonna anuncia que a lenda urbana do Veronica Electronica, álbum remix da era Ray of Light, que seria uma espécie de acompanhamento do álbum original e nunca viu a luz do dia, será lançado depois de vinte e sete anos. Como single de divulgação, foi lançada "Skin (The Collaboration Remix Edit)".
Nunca lançada como single na época, a canção Skin ganha esse tratamento com um remix que reflete muito bem a essência da faixa e da época em que foi produzido. Trabalhado pelo falecido DJ Peter Rauhofer, sob a alcunha do projeto The Collaboration, a canção é uma excitante e nostálgica recriação, ao adicionar uma carga pesada de progressive trance à sensualidade elétrica da versão original, sem, no entanto, perder sua essência. Skin perde certo refinamento estético devido a essa visão mais direta da produção, criando um remix mais tradicional. Entretanto, o grande acerto do remix é compreender que a criação sonora não reside em despir inteiramente a canção de sua base, mas, sim, em injetar novas camadas e texturas. Acho interessante o final com um toque mais sombrio, embora, infelizmente, ele não se estenda por mais tempo. Com esse presente do passado, Madonna pode ter em mãos um dos melhores álbuns de remixes de todos os tempos. Aguardemos.
nota: 8
Realmente Uma Nova Era
Lovesick Lullaby
YUNGBLUD
YUNGBLUD
Com o lançamento de Lovesick Lullaby, segundo single de Idols, YUNGBLUD começa a comprovar que a qualidade de Hello Heaven, Hello não foi um ponto fora da curva, mas sim o seu novo caminho.
Apesar de menos inspirada, a canção é madura, muito bem executada e com personalidade, sobre uma mistura de pop rock/punk com britpop que resulta em uma composição atemporal e, ao mesmo tempo, dotada de um frescor verdadeiro. É também despretensiosa, pois o cantor não tenta desesperadamente se apresentar como um roqueiro maduro e evoluído. Essa maturidade é entregue de maneira fluida e natural, deixando clara sua evolução artística. A composição de Lovesick Lullaby é um trabalho que se encaixa perfeitamente na atmosfera da canção, transmitindo toda a descontração genuína da batida. Entretanto, o grande destaque da música é, de fato, a presença magnética e adulta de YUNGBLUD, que entrega o tom perfeito ao demonstrar versatilidade e uma carga imensa de personalidade. Com dois acertos seguidos, o artista vai criando o hype para, possivelmente, lançar o álbum de virada de carreira mais incrível dos últimos tempos.
nota: 8
Começo Bom
This Song
Conan Gray
Conan Gray
Anunciado recentemente o lançamento de seu quarto álbum (Wishbone), Conan Gray divulgou o primeiro single: a boa This Song.
Uma sólida, cativante e romântica chamber pop com toques de indie pop e folk pop, a canção comprova o amadurecimento do cantor ao entregar um trabalho que deixa bem clara sua personalidade já conhecida, mas em uma versão evoluída do que ele fazia anteriormente. Ainda acredito que falta aquele toque de gênio para dar ao cantor a ousadia e a força necessárias para realmente liberar todo o seu potencial, mas é fácil perceber em This Song que há uma linha de pensamento em constante evolução. Liricamente, a canção é uma bonita e tocante declaração de amor, feita após muito tempo de ter guardado esse sentimento. É simples tematicamente, mas muito eficiente devido ao trabalho refinado de composição. A música também se beneficia muito da performance inspirada de Conan, que encontra seu lugar de forma fluida e natural. Um bom e promissor começo para a nova era do artista.
nota: 8
Joe Springsteen
Heart By Heart
Joe Jonas
Joe Jonas
Existem algumas canções que nos surpreendem por serem algo que a gente nem esperava. E esse é o caso de Heart By Heart, do Joe Jonas.
A surpresa é que a canção é bem melhor do que o esperado. A principal razão para isso é a pungente sensação de que a canção tem influência da sonoridade dos anos oitenta do Bruce Springsteen ao entregar uma sólida dance rock com toques de synthpop/folk pop. Não é algo genial, mas Heart By Heart é um sopro bem-vindo de uma sonoridade que não é tão comum atualmente. Gosto também da boa performance de Joe, que consegue captar a aura da canção e dar vida à composição sem graça, mas funcional, da música. Um trabalho que merece mais flores do que o esperado.
nota: 7,5
8 de junho de 2025
A Nova Onda da PinkPantheress
Stateside
PinkPantheress
PinkPantheress
Quando digo que uma música tem um toque genial, estou me referindo, por exemplo, ao novo direcionamento da sonoridade da PinkPantheress, como fica explícito na ótima Stateside.
Segundo single da mixtape Fancy That, a canção continua a mostrar que a sonoridade da cantora está se direcionando para uma abordagem mais eletrônica, incorporando influências de house e EDM para enriquecer sua já sólida identidade musical. Esse movimento tem sido feito de maneira que não apenas complementa, mas eleva seu material para um novo nível. Em Stateside, a produção, ao introduzir essas referências de forma mais marcante, cria uma batida deliciosa, estilizada e impressionante, que conecta a persona artística da cantora a essa nova fase de forma louvável. Além disso, PinkPantheress entrega uma performance à altura dessa produção, posicionando-se com habilidade nessa “nova” sonoridade sem perder sua essência. Espero que essas amostras representem o que realmente ouviremos no trabalho completo e não sejam apenas exceções pontuais.
nota: 8
Glória! Maruja! Glória!
Look Down On Us
Maruja
Depois de tanto “provocar”, o Maruja vai lançar seu aguardadíssimo debut, intitulado Pain to Power. E o primeiro single não poderia ser mais digno do hype, pois em Look Down On Us é entregue o mais impressionante da banda até o momento.
Com quase dez minutos, a música não é épica apenas pelo tamanho, mas pela maneira genial como a produção aglutina todas as principais qualidades da banda em uma única música, elevando-as a um novo patamar. Isso é algo impressionante, considerando que o nível das canções do Maruja já vinha sendo altíssimo desde o começo. O grande destaque de Look Down On Us é seu magnífico, genial, gigantesco, desconcertante, deslumbrante e magistral instrumental, que transforma a canção em algo de uma complexidade ímpar. A faixa cria um emaranhado de sons e texturas que vão sendo desenrolados, costurados e enrolados novamente, para finalmente serem reconstruídos de uma maneira completamente inesperada, sem perder, porém, o senso sonoro característico da banda.
Em definição, a canção é art rock, post-rock, jazz-rock, post-punk, rap rock e punk art, mas, sinceramente, o resultado é muito mais do que isso, pois encontra um lugar tão único que pode-se dizer que é o gênero Maruja. Grandioso, barulhento, contemplativo, reflexivo, contido, expansivo, inesperado, raivoso e intoxicante são apenas alguns dos adjetivos possíveis para Look Down On Us — e ainda faltariam palavras para descrever, com justiça, toda a imensidão que a música representa. Isso também é válido para definir a performance do vocalista Harry Wilkinson. Sua presença é o fio condutor perfeito ao ser um arauto celestial que transita por toda a jornada da canção, transformando-se e transmutando-se em diversas personas para conseguir carregar o peso sonoro. E isso é algo assustadoramente lindo de presenciar. Mais uma vez, a lírica do Maruja é ácida, verborrágica, refinada e sempre devastadora em suas crônicas sobre a sociedade. Aqui não poderia ser diferente, culminando em uma composição de apuro estético, temático e poético impecável. O melhor momento da letra é no final do primeiro verso, quando está gravado a ferro e fogo: “There's genocide abundant, we all just turned away / And sold for a bargain lap it up like dogs hear them barkin' / The cunning isn't subtle, you're a target.” Em Look Down On Us, o Maruja não apenas prova que o hype de sua caminhada até aqui é totalmente justificado, mas também se posiciona em um patamar artístico totalmente fora da curva, em que apenas a banda vive atualmente.
nota: 9,5
Espresso 2
Manchild
Sabrina Carpenter
Sabrina Carpenter
Tentando emplacar a nova canção do verão americano depois do smash hit Espresso, Sabrina Carpenter lançou a simpática, mas ainda formulaica Manchild.
Novamente com a mão de Jack Antonoff, a canção é uma bonitinha, cativante e divertida synthpop com toques de disco e country, que tem todos os parâmetros necessários para se tornar realmente um sucesso comercial. Ácida na sua composição sobre o dedo pobre de Sabrina para escolher homens, mas com um apuro estético que não se aprofunda demais ao ser sarcástica e “fofa” ao mesmo tempo. A performance de Sabrina mostra o potencial da cantora, especialmente quando ela consegue acertar as nuances da canção. Todavia, sua presença não mostra nada de novo que ela já não tenha feito em canções mais inspiradas que Manchild. É uma canção bem-feita para o atual momento de Sabrina, mas que não adiciona nada de peso para a sua construção artística.
nota: 7
O Sem Refrão
Type Dangerous
Mariah Carey
Mariah Carey
Sem lançar nada novo de verdade desde 2019, Mariah Carey está de volta com o que parece ser o começo de uma nova era com a divulgação de Type Dangerous.
A canção é boa, mas tem um defeito que não está muito de acordo com a discografia da Mariah: o fraco refrão. Aqui, a situação é agravada devido ao fato de os versos serem realmente bons e excitantes, o que não combina com a vibe morna do refrão, que poderia ser o ponto alto da canção. Enquanto o resto da canção tem cara de single, o refrão é a cara de filler que é lançado como b-side.
Felizmente, o resto de Type Dangerous é um trabalho muito bem realizado, com uma batida R&B/hip hop que combina com uma das facetas da cantora. Gosto da ácida, divertida e autorreferenciada composição, que dá à Mariah aquele toque de diva que ela sempre carrega com perfeição devido à sua personalidade. Além disso, a produção vocal é ideal para o atual momento da voz da cantora, pois não a enterra em pesados efeitos que a fazem perder personalidade. Um bom começo para Mariah Carey, que poderia ser ainda melhor com um refrão mais trabalhado.
nota: 7,5
Certa Evolução
Bliss
Tyla
Tyla
Sem precisar sair do estilo que a fez estourar com Water, Tyla mostra uma evolução com o lançamento da simpática Bliss.
Com uma batida fincada na mistura de afrobeats com R&B, a canção ganha contornos mais urbanos e de dance pop, marcada por sons de percussão intensos. A mudança não é tão nítida à primeira audição, mas, depois de um tempo, fica claro que há novos elementos interessantes na batida de Bliss. O grande trunfo, porém, é a presença cativante, sensual e carismática de Tyla, que entrega sua performance mais sólida e reluzente até o momento. A canção é como comida requentada com a adição de um ovo frito. E isso é, às vezes, tudo o que a gente precisa.
nota: 7
A Falta do Sample
Lovin Myself
Ava Max
Ava Max
Criticada pelo uso excessivo e, por vezes, sem sentido de samples, Ava Max entrega em Lovin Myself uma canção que deveria ter usado um sample.
E esse sample é do clássico oitentista I Touch Myself, que casaria perfeitamente com o tema de amor próprio e, também, com a sonoridade da canção, dando substância e carisma para o trabalho. E isso seria, possivelmente, o toque que faria dessa legal, mas genérica electropop com toques de house/EDM, ser um trabalho marcante. Tenho que dizer, porém, que Lovin Myself tem similaridades com o single de uma cantora que flopou horrores, mas que consegue ser mais interessante devido, principalmente, à presença segura da cantora e à composição divertida de verdade, que consegue ser clichê, mas passa bem longe do constrangimento. Quem diria que um dia o erro da Ava Max seria não ter um sample?
nota: 6,5
1 de junho de 2025
Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single
Messy
Lola Young
Lola Young
Já disse algumas vezes aqui no blog que, infelizmente, nem sempre consigo “dar conta” dos principais lançamentos, mesmo tentando ao menos ser o mais abrangente e cuidadoso nas canções que decido resenhar. E é por isso que, de vez em quando, passa despercebida alguma canção que merecia a minha atenção. Esse é o caso de Messy, da Lola Young.
Single do seu segundo álbum, chamado This Wasn't Meant for You Anyway, a canção foi lançada em maio de 2024, mas foi ganhando destaque aos poucos devido a se tornar um viral no TikTok. E, ao contrário de canções que ganham esse status, Messy é uma canção com substância lírica e sonora. Caminhando no legado de cantoras britânicas que pavimentaram a história da música, a canção é uma refinada e sofisticada mistura de soul/pop soul, com uma estrutura muito bem pensada pela produção que ganha um belo e profundo verniz de indie rock, conferindo à canção novos contornos. Entretanto, o grande destaque do instrumental é a brilhante mudança de atmosfera entre os versos e o refrão, que reflete perfeitamente a diferença lírica e emocional das duas partes. E é aqui que Messy realmente se transforma em uma pérola rara e brilhante.
Messy é um trabalho de uma sinceridade desconcertante e de uma dor sentida, devido à impressionante capacidade da própria Lola, ao lado de Conor Dickinson, de criar uma crônica sobre um relacionamento tóxico causado pelos problemas mentais dos envolvidos. Muito longe de ser um trabalho de autopiedade barata, a letra conta, de maneira crua e nua, as incongruências entre as atitudes do companheiro de Lola em relação ao relacionamento, enquanto ela entende o seu lado na equação dos problemas, mas também deixa bem claro o seu sofrimento. E tudo isso é feito de maneira impressionante, pois mistura toda essa carga emocional com o humor ácido característico britânico, que chega a arder. E o grande momento é no sensacional refrão, especialmente na sua segunda metade:
And I'm too clever, and then I'm too fucking dumb
You hate it when I cry, unless it's that time of the month
And I'm too perfect 'til I show you that I'm not
A thousand people I could be for you, and you hate the fucking lot
E o pacote se fecha com a performance perfeita, ao saber lidar bem com as mudanças da canção, em especial o tom quase confidencial de algumas partes dos versos, e com a personalidade irresistível de Lola Young, devido ao seu timbre maduro, áspero e cativante. Mesmo perdendo o bonde inicial do sucesso de Messy, poder finalmente dar minhas flores para Lola Young é algo que realmente me deixa feliz.
nota: 8,5
Quase Lá, Dona Lorde
Man Of The Year
Lorde
Lorde
Continuando o seu tão esperado comeback, a Lorde lança o segundo single de Virgin: Man Of The Year. Apesar de menos inspirada, a canção é um trabalho interessante o suficiente para a gente ainda manter um hype alto para o álbum.
Uma balada art pop contida, mas com uma construção emocional bem expressiva, a canção é um trabalho que dá para a Lorde a possibilidade de se mostrar mais experimental devido às decisões instrumentais, voltando a refletir a sua sonoridade inicial. Entretanto, existe uma clara maturidade criativa imposta pelos anos e a evolução pessoal da Lorde em uma letra cortante sobre o difícil processo de amadurecimento íntimo e de encontrar o seu amor-próprio. E mesmo não tendo uma letra genial, Man Of The Year é uma canção com uma composição refinada que não precisa de grandes metáforas para encontrar o ponto certo para se expressar de forma clara e pungente.
O grande problema da canção é que a sua construção climática e densa vai criando a impressão de que vamos ter um grande clímax em que todo o arranjo vai mudar drasticamente para algo grandioso e audacioso. E isso meio que acontece, mas o lugar a que a mudança chega não é impressionante como o que vai sendo “prometido” ao longo da canção. E isso trava a canção em um patamar inferior ao que poderia ter sido com um clímax mais potente. O que não dá para negar da qualidade é a impressionante e emocional performance da Lorde, especialmente na primeira metade da canção. Espero que o caminho do álbum seja dessa para melhor, pois não estou para outra Solar Power.
nota: 7,5
Sublime
SONAR
Ichiko Aoba
Ichiko Aoba
Não que seja difícil a cantora Ichiko Aoba entregar uma boa canção, mas em SONAR temos uma das melhores que ela já nos contemplou nos últimos anos.
Single de Luminescent Creatures, a canção é um daqueles momentos em que tudo que já era bom se eleva para outro patamar. Novamente, a canção mostra com louvor e graciosidade a sonoridade indie pop/folk da cantora, mas adiciona uma leve e luminosa camada de new wave para incrementar o belíssimo e melódico instrumental. É impressionante notar o quanto é grandiosa a capacidade da cantora de produzir uma canção com tão poucos elementos instrumentais, soando, porém, de uma grandiosidade impressionante devido à elegância com que é conduzido o arranjo. O trabalho ainda é contemplado com a performance mais angelical e etérea da cantora até o momento, quase como uma ninfa cantando à beira de um rio calmo e reflexivo. Simplesmente sublime.
nota: 8,5
Uma Tema De Respeito
Afterlife
Evanescence
Evanescence
Falei recentemente sobre o quão poderosa é a presença de Amy Lee. Isso é confirmado com Afterlife, canção do Evanescence para a série Devil May Cry.
A música não teria o mesmo impacto se não fosse pela substancial, bela, forte e grandiosa performance da vocalista, que injeta toda a personalidade da canção com sua voz “larger than life” e, ao mesmo tempo, marcada por um timbre melancólico e sombrio. Essa combinação beneficia Afterlife, pois é a voz da cantora que transmite toda a atmosfera da canção de maneira natural e fluida. Amy Lee consegue transitar com maestria entre momentos mais calmos e os mais épicos, deixando a interpretação ainda mais marcante. Sonoramente, o single é uma tradicional, segura e bem conduzida power balada de gothic metal, um território onde a banda domina com autoridade. Aqui, essa familiaridade é complementada por um senso apurado de maturidade. Todavia, a força da canção está no brilhantismo de Amy Lee.
nota: 8
Assinar:
Comentários (Atom)



.jpg)

.webp)























