Taylor Swift
No momento em que terminou a execução de The Life of a Showgirl, começou a tocar automaticamente Lucky, da Britney Spears, possivelmente devido ao algoritmo ligar a canção por ser uma produção do Max Martin, que é um dos nomes por trás do álbum da Taylor Swift. E isso foi basicamente a pá de cal para a minha visão do álbum, pois deixou ainda mais claro o quanto o novo trabalho da Taylor é o suprassumo da mediocridade. O pior é que, sinceramente, eu tinha alguma expectativa com o trabalho.
Não que eu estivesse exatamente animado com o lançamento da Taylor, especialmente devido aos seus dois trabalhos anteriores, que foram medianos. Todavia, surgiu uma esperança de que algo poderia mudar devido ao anúncio de que a cantora não trabalharia com Jack Antonoff e, sim, voltaria a trabalhar com Max Martin e Shellback, dando a clara impressão de que o álbum seria mais voltado ao pop de trabalhos como 1989 e Reputation. Além disso, e mais importante, o nome do álbum parecia indicar que a cantora entraria em uma era mais estilizada e buscaria influências bem interessantes dentro do pop. E isso já deixou em mim a impressão de que algo, no mínimo interessante, estaria por vir. Que ledo engano! Toda a minha expectativa, que já não era grande, foi por água abaixo ao ouvir o previsível e fraquíssimo The Life of a Showgirl. E o principal motivo, embora não o único, é devido à sua produção.
Como apontei anteriormente, Lucky, da Britney Spears, que também tem produção do Max Martin e foi lançada em uma já distante 2000, começou a tocar literalmente após eu ouvir todo o álbum da Taylor, e isso foi responsável por comparar o que tinha ouvido com o que poderia ter sido e com o que eu acreditava que iria escutar. Saído de Oops!... I Did It Again, o single é uma power ballad pop/teen pop com uma construção refinadíssima e opulente, mas com uma pegada pop comercial perfeita e brilhante, que tem como temática literalmente a vida de uma showgirl. E foi literalmente desse espírito que pensei que a produção iria se “basear”, mas, na verdade, o que a gente ouve em The Life of a Showgirl é a representação mais ordinária (no sentido de comum), massificada, sem graça, desanimada, pretensiosa e chapa-branca possível. E isso é algo que nem pensei que uma produção com os nomes associados poderia entregar, pois, mesmo não sendo boa, imaginei que poderia ser ao menos divertida. E isso é realmente decepcionante.
Em vez de um pop divertido, ficamos com um pop/pop rock/synth-pop medíocre que continua a seguir a cartilha do pop que a Taylor construiu nos últimos tempos, mas que aqui não encontra nenhuma válvula de escape criativa ou exceção, entregando uma massa sólida, insípida e medíocre de uma coleção de produções que vai do fraco ao péssimo até a bomba atômica. Sério, ouvindo o álbum fiquei boquiaberto por não conseguir encontrar nada de positivo para falar da produção, sendo, no máximo, tecnicamente competente. Ou seja, algo que é basicamente obrigação nesse estágio da carreira da Taylor. Tudo é tão hermeticamente feito que deixa a impressão de que nada é realmente orgânico, mas, sim, produtos saídos de uma linha de montagem. E, no que poderia ser uma esperança de alguma qualidade, The Life of a Showgirl entrega as piores composições da carreira da Taylor.
Na resenha de THE TORTURED POETS DEPARTMENT afirmei categoricamente: “É preciso afirmar que Taylor é uma grande compositora. Isso é notado em todas as faixas do álbum, mesmo que divida autoria com seus parceiros e alguns convidados. A maneira como são construídas e a sua estética vêm se refinando ao longo dos anos, criando grandes momentos na parte técnica”. E eu queria dizer isso aqui, mas tudo é jogado no lixo com uma das mais fracas, irritantes, rasas, indulgentes, bobas e infantis coleções de composições que o mundo pop escutou em um bom tempo. Sério, o que aconteceu aqui? É tudo tão medíocre e criativamente pobre que fico morrendo de vergonha de ver fãs aclamando as composições quando a própria Taylor já entregou letras infinitamente melhores até quando a canção não era tão boa. Agora, falando de um dos elefantes brancos do álbum, que é a diss track para a Charli XCX em “Actually Romantic”, ela inicia com um dos piores versos do álbum: “I heard you call me ‘Boring Barbie’ when the coke's got you brave”. Se eu fosse a Charli, ficaria muito brava não pelo fato do “ataque/resposta”, e sim pelo fato de receber uma diss track tão ruim depois de o Drake ter recebido algo como a já lendária Not Like Us. Complicado.
The Life of a Showgirl é, sim, um gigantesco sucesso comercial e a prova de que, amando-a ou odiando-a, Taylor é o que se pode chamar de representação da indústria musical. Mas, sinceramente, a indústria precisa ser tão medíocre? Ainda mais quando a gente sabe que a cantora tem potencial para ser bem melhor do que essa bomba atômica.


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