13 de maio de 2014

Primeira Impressão

Xscape
Michael Jackson


Falar de quem já morreu sempre foi difícil, pois fica aquela sensação de "não querer apontar os erros, mas só os acertos já que morreu". Então, imagina julgar uma obra de um artista morto lançado. É ainda mais complicado, pois se não teve cem por cento da mão do artista em questão no produtor final, sempre vai ficar aquele ponto imenso de interrogação nas cabeças de muitas pessoas: esse seria o que o artista realmente estaria fazendo se estivesse vivo? Ou é apenas o que as pessoas que produziram acham sobre o que seria a sonoridade desse artista? Essa é a indagação que me debato ao ficar de frente com o segundo álbum póstumo do cara que ajudou a modelar a música atual: Michael Jackson.

Xscape é uma compilação de várias demos, algumas inclusive previamente "vazadas" na internet, reformuladas por um time do escalão A da música contemporânea americana como Timbaland, StarGate, Jerome "J-Roc" Harmon e Rodney Jerkins que estão por trás dos mais sucessos recentes como Justin Timberlake, Rihanna, Katy Perry, Lady GaGa e outros, ou seja, a nova corte do pop. Sendo assim, esse povo seria a produção que Michael escolheria para produzir seu álbum? Acho que sim, pois Michel apenas trabalhava com os melhores. E a sonoridade final de Xscape seria a que o Rei do Pop entregaria para o mundo? Talvez não, mas o que ouvimos aqui está no caminho certo. Aqui não é feito nada além do bom R&B/pop que nomes como Timberlake e Usher fazem que, por sua vez, sofreram e sofrem grandes influências do próprio Michael. A modernização das demos são muito bem feitas, pois conseguem manter o espirito que MC queria passar, mas atualiza sem grandes deslizes e como gratas surpresas como a ótima Slave To The Rhythm, que talvez seja a mais próxima do que se poderia esperar do Michael. Mesmo lembrando clássicos como Smooth Criminal e Dirty Diana, a faixa é um dos momentos em que podemos sentir de fato a presença do cantor em Xscape. Como disse anteriormente, o single Love Never Felt So Good é outro momento de qualidade em que viajamos no tempo. 

Enquanto as composições, Xscape não é tão refinado como poderia ser já que Michael nunca pode "refinar" o seu trabalho original. Mesmo entre altos e baixos é possível de ver aqueles momentos de genialidade criativa dele como na boa A Place With No Name e na legal Blue Gangsta, além das já canções citadas. O problema aqui são as qualidade dos vocais de Michael: dependendo mais da qualidade das demos originais e em qual período a canção foi gravada originalmente, as faixas são uma verdadeira montanha-russa em relação a qualidade vocal. O melhor exemplo é Do You Know Where Your Children Are que tem vocais esquisitos e que nem parecem ter a presença do cantor, mas já nos versos a voz do cantor parece ter sido gravada na fase mais áurea da cantor. Já Loving You tem certos momentos que parece que quem canta é uma pessoa imitando Michael mesmo sendo uma canção boa. A canção mais fraca é a mediana Xscape que dá nome ao álbum que não consegue engrenar em nenhum momento. Nada vai fazer Michael Jackson voltar a vida e nunca saberemos o que mais ele tinha para mostrar, mas, ao menos, Xscape é decente e digno com o talento do Rei do Pop.

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