23 de maio de 2014

Primeira Impressão

Glorious
Foxes


Não sei se vocês já reparam, mas existe uma assimetria de pares no mundo da música. Não entendeu? Explico: sempre que aparece um novo artista que consegue quebrar barreiras (artísticas e/ou de sucesso) aparece também outro artista com características parecidas, mas com aspectos únicos que tentam capturar o público do "original" e conquistar uma nova parcela de fãs. Para exemplificar é necessário citar o mais famoso caso de pares na música: os Beatles e os Rolling Stones. Bandas britânicas de rock que surgiram na mesma época e atraíram, inicialmente, uma legião de fãs adolescentes. Só que de um lado tínhamos os considerados bons moços (no começo, claro) dos Beatles e do outro tínhamos os bad boys do Rolling Stones. Muitos outros pares apareceram ao longo dos anos e nem precisa pensar muito sobre o assunto que já é possível citar alguns de bate-pronto: Madonna versus Cyndi Lauper, Mariah Carey versus Whitney Houston, Usher versus Justin Timberlake, Britney Spears versus Christina Aguilera. Esses são apenas os nomes mais "famosos". Acredito que a última a entrar nessa lista é a cantora sensação do momento Lorde e a sua "semelhante" e, a também novata, Foxes.

É necessário que eu indique as semelhanças para que vocês possam fazer suas próprias conclusões: ambas são jovens, tem um estilo visual que as diferem do resto da multidão e vozes marcantes e distintas das cantoras médias do pop e seguem em um caminho que suas sonoridades estão buscando ser a "evolução" do pop. As diferenças começam no instante que Lorde está na trilha mais alternativa e crua, enquanto Foxes busca no pop mais "chique" a sua verdade. Nesse ponto Glorious, o primeiro álbum da inglesa, ganha do álbum debut da neozelandesa. Não que o primeiro trabalho da Foxes seja um primor, mas aqui podemos ouvir uma artista bem mais ciente do suas habilidades e mais decidida enquanto a sua personalidade. Se Lorde falta um refinamento no seu estilo, Foxes consegue lapidar com classe seu primeiro álbum apoiada por produtores desconhecidos que dão para Glorious uma interessante vibe pop/dance com uma pretensão de soar de maneira mais grandiosa e estilizada. Para ficar mais claro: seria o encontro do pop da Katy Perry/Kelly Clarkson com a originalidade do Florence + the Machine com esse último pesado mais na balança. Bem produzido, Glorious peca por não mostrar Foxes uma artista versátil: para quem não prestar muita atenção a sensação final das faixas é que se está ouvindo uma mesma canção com algumas diferenças de batidas e cadências. Problema esse que também aflige a Lorde. Talvez tenha sido pelo de ter me identificado pessoalmente mais com as composições em Glorious, mas o trabalho de Foxes nas composições são bem mais comoventes que as de Lorde. As duas cantoras têm um estilo até parecido buscando na inteligência a base para as suas letras. Porém, Foxes tem uma atmosfera mais romântica, sonhadora e delicada para se expressar mesmo não sendo letras geniais. O que, talvez, equipara as duas cantoras são suas vozes: ainda em busca de maturidade, mas donas de um tom diferente e especial. Foxes tem um tom angelical encorpado perfeito para interpretar o tipo de música que ela faz. Assim como Pure Heroine, Glorious é um álbum mais para uma apresentação do que a Foxes pode fazer no futuro. Mesmo assim ele tem alguns momentos marcantes como o single Let Go for Tonight, Youth, Night Glo, a versão acústica de Clarity e Beauty Queen. Foxes tem tudo para conquistar um público mais eclético em comparação com o público já fiel da Lorde. É esperar para descobrir se ela pode ter a mesma intensidade de sucesso que a sua "semelhante" conseguiu.

Um comentário:

Ronne Wesley disse...

Acho esse álbum literalmente coeso, mas gosto de ouvir, as bases de piano são lindas e a produção bem polida.

Jota, faz um Primeiras Impressões do True Romance da Charli XCX.