16 de abril de 2019

Primeira Impressão

Kisses
Anitta





Precisei pensar bem sobre o que sinto realmente pela figura da Anitta, pois acreditei que a imagem pessoal dela, nada boa aos meus olhos, poderia prejudicar a minha analisa critica do seu novo álbum Kisses. Depois de refletir bem e pesar todos os lados, finalmente consegui chegar ao uma conclusão: apesar de certas impressões, a minha percepção da Anitta artista é mais forte que a da Anitta pessoal. Só assim posso afirmar que reconheço o trabalho duro que a mesma vem fazendo nos últimos anos, principalmente depois de começar a carreira internacional. E, principalmente, chegar a conclusão que a cantora de Honório Gurgel é como artista, uma excepcional empresária/marqueteira. E, como produto para vender, Kisses é um trabalho muito bem feito. Entretanto, o álbum como um trabalho musical é, sem nenhuma dúvida, uma das piores coisas que eu já tive o desprazer de escutar em mais de dez anos de blog. 

Assim como falar de um álbum genial é uma tarefa complicada, resenhar um trabalho tão ruim como Kisses é praticamente uma via crucis. Obviamente, não falta sobre o que falar, nesse caso, sobre o que criticar, mas o complicado é saber por onde começar e dosar no tom para não ficar soando como apenas uma malhação do judas. De qualquer forma, a melhor parte para começar aqui é refletir sobre a intenção de Anitta com o lançamento do álbum. Em busca de finalmente explodir definitivamente no mercado internacional, a cantora aposta em um trabalho que atira para todos os lados dentro do latin pop, adicionando toques de MPB, hip hop, dance-pop e reggaeton. E isso fica mais em evidência com a explicação que o conceito do álbum é ter uma "Anitta" diferente para cada canção. Claro, isso não é nenhum problema, pois já foi feito pela Aguilera (Stripped) e, de certa forma, pela Beoyoncé (Lemonade). O gigantesco problema aqui é que a cantora esqueceu algo de muita importância para a construção de um álbum: uma produção decente. Ouvir Kisses é como ter uma aula de como não produzir um álbum. Faixas criativamente pobres sonoramente, batidas que transitam entre o mal gosto e o amadorismo técnico vergonhoso e um acabamento que deixa claro que o trabalho foi feito nas coxas. E para piorar, nenhuma das faixas apresenta uma leve promessa que poderá ser um verdadeiro hit. Sinceramente, enquanto estava ouvindo o álbum comecei a acreditar que só podia estar escutando as versões demos das faixas até lembrar que estava ouvido via Spotify. A minha incredulidade apenas aumentou, pois é de chocar que uma artista que tenha checado ao nível da Anitta ache que verdadeiramente está diante de canções dignas de serem chamadas de música. E, queridos leitores, esse nem é o principal problema de Kisses.


Anitta nunca foi conhecida pelas composições impecáveis das suas canções. Na verdade, a maioria delas transitam entre o mediano e ruim com uma frequência alarmante. Só que o novo álbum consegue chegar ao um novo nível de ruindade que chega a ser algo impressionante. A decisão de fazer um álbum em três línguas, evidenciando o inglês e, majoritariamente, o espanhol e deixando o português renegado é acertado para o que a carreira da Anitta está sendo planejado. Isso não quer dizer, porém, que a qualidade das letras poderia ser algo deixado de lado, mas Kisses é a prova cabal de que o que é ruim pode ficar ainda pior. Letras sem nenhuma noção de criatividade, temas batidos e, muitas vezes, vergonhosos, rimas precárias e versos que parecem feitos pelo Google tradutor de tão fracos se aplicam para quase todas as faixas. Cada canção é uma aula de como sentir vergonha alheia de uma nova forma. Cada faixa é a comprovação que o talento da Anitta está mais para os negócios que para a música de verdade. E tudo fica mais claro quando se analisa as performances da mesma em Kisses. Trabalhando no automático ruim, qualquer traço de carisma que a mesmo já mostrou é soterrado em uma produção vocal irritante e desproporcional que atrapalha até mesmo os vários convidados internacionais que deve ter recebido um bom cheque para fazerem parte dessa bomba. O único ponto de salvação aqui é a canção que fecha o álbum: Você mentiu é uma bossa nova lounge "decentezinha" com a presença de Caetano Veloso que parece mais interessando em parece "modernoso" do que em estar em uma boa canção. Entretanto, isso não muda em nada o resultado vexatório de Kisses e a certeza crescente que a decisão de se aposentar cedo da Anitta é a melhor coisa que a mesma irá entregar na sua carreia artística.


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