18 de abril de 2021

Primeira Impressão

Poster Girl
Zara Larsson




A sueca Zara Larsson parece que sempre está sempre a beira de estrelato, mas nunca consegue ultrapassar a linha que divide o nicho de promessa para o de diva pop estrelar. Normalmente, algumas barreiras que vão além da música poderiam ser citadas como amarras que impedem a cantora de encontrar a glória definitiva. Todavia, ao ouvir Poster Girl, terceiro álbum de Zara, a sensação que fica que a culpa maior é da própria sonoridade da cantora.

Poster Girl não é um álbum pop ruim, pois todas as peças estão muito bem colocadas nos seus devidos lugares. O que acontece é que a produção parece completamente perdida no que realmente quer construir para a sonoridade de Zara ao entregar um electropop/dance-pop/pop sonolento, repetitivo, clichê e totalmente sem carisma. Empilhado de lugares comuns do começo ao fim, Poster Girl é um desfile quase desesperado de tentativas de dar para a cantora uma atmosfera cool, moderna e nostálgica de um pop dos anos noventa/dois mil que o resultado é uma metralhadora de mediocridade e tiros que erram o alvo por quilômetros de distância. Tecnicamente bem construído, o álbum parece um quebra cabeça de personalidades distintas que tentam criar uma forma estável para que Zara tenha a sua própria imagem. Entretanto, a produção não parece entender muito bem como tirar do papel a boa ideia por trás do álbum e, principalmente, não sabe valorizar o imenso talento da cantora. E a pergunta que fica é: qual o problema em álbum descaradamente pop? A resposta é simples: nenhum. O grande erro da produção é não saber como fazer esse pop funcionar de verdade.

Transitando entre o entediante até o “all over the place” sem ter nenhum porto seguro ou de equilíbrio, Poster Girl parece mais um projeto estudantil sobre o que é o pop do que o resultado do terceiro álbum de uma cantora com alguma experiência e recursos para fazer algo realmente muito melhor. Basta ouvir o debut da Ava Max para notar a diferença: ambos são trabalhos descaradamente pop, mas o trabalho da americana é “um trabalho desavergonhadamente pop em todas as suas estancias” que não tenta ser mais do que é. E essa tentativa de parecer mais inteligente do que é afeta também as composições que terminam por vários momentos sendo piegas ao cubo ou desinteressantes ou com aquele toque de vergonha alheia. O pior de tudo é quando os três surgem na mesma canção como é no caso de WOW. Sem direção nenhuma, Poster Girl ainda afeta pesadamente a presença de Zara que, apesar de talentosa, termina soando sem carisma e levemente irritante, mesmo sendo o ponto alto do trabalho. Para não dizer que não falei das flores, o álbum tem dois bons momentos: o single Love Me Land que é “cheia de quebras sonoras e com uma performance sólida de Lara, a canção apresenta uma composição com sacadas ótimas que escorrega ao não dar mais substância para suas próprias ideias” e Ruin My Life que é “uma sólida, divertida e com potencial dance-pop/R&B que ajuda a mostrar o potencial de Zara para mainstream pop”. Uma pena, porém, que ambos momentos ficam como duas formigas que caíram em uma piscina olímpica rodeadas de mediocridade sonora. Ouvir Poster Girl chega a doer de tão errado que o álbum resulta, mas ainda espero que a Zara Larsson ainda possa encontrar o seu caminho.

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