30 de maio de 2021

Primeira Impressão

Chemtrails Over the Country Club
Lana Del Rey


O que dizer que ainda não foi dito sobre a Lana Del Rey? Todos que acompanham a carreira da atual rainha indie sabe de todas as qualidades, características e defeitos que permeiam a vida artística da cantora desde o começo com Born to Die. Amadurecida, confiante e dona de si, Lana encontrou o seu porto seguro na estabelecida personalidade, variando apenas se tudo é construído de forma acertada como em Norman Fucking Rockwell! ou aos trancos e barrancos com em Chemtrails over the Country Club. E, queridos leitores, apesar de ser o pior trabalho da Lana até o momento, o seu sétimo álbum ainda guarda grandes e excitantes surpresas.

Chemtrails over the Country Club é novamente um trabalho indie pop/rock que flerta com gêneros conhecidos pela cantora como art rock, soft rock e folk com a adição de novos ares como americana e country. Resumidamente: nada de novo sob o Sol. Produzido quase inteiramente por Lana e Jack Antonoff com a inclusão de Rick Nowels em apenas uma canção, o álbum repete as mesmas formulas quase que por inteiras de outras canções. Isso poderia não ser um problema se o resultado fosse acima da média para todas as faixas. O que acontece aqui é uma verdadeira montanha russa em que quando álbum acerta vemos momentos realmente brilhantes, mas quando não vai além do ok é possível se entediar facilmente. Acredito que o principal motivo para isso seja uma constante e sentida sensação de estarmos diante de um álbum de “sobras” de Norman Fucking Rockwell! e, não, uma obra feita a partir de uma ideia própria. Claro, álbuns lançados com uma diferença tão pouca é fácil pender para essa sensação. Entretanto, Chemtrails over the Country Club não faz muita questão de colocar essa possibilidade de lado devido a Lana que parece não querer se arriscar na sua já estabelecida persona. Só que existe um grande porém nessa discussão, pois a produção toma alguns caminhos aventureiros que salvam todo o resultado final e dão sentido para a existência do álbum.

Como dito anteriormente, Chemtrails over the Country introduz de maneira delicada influências de americana e country na mistura já solidificada da sonoridade de Lana. E quando esses dois gêneros irmãos ficam em evidência é que o álbum decola de maneira espetacular. E isso fica bem claro quando surge a sensacional White Dress. Abrindo o álbum, a canção apresenta a cantora entoando no seu registro vocal mais agudo em uma refinada e melancólica mistura de indie rock com americana. Não irei entrar em muitos detalhes, pois a sua resenha está a seguir, mas é necessário dizer que a canção é um dos melhores momentos dos últimos tempos da Lana ao estraçalhar todas as expectativas do que se espera do seu álbum. E parte da razão é a produção de se aventurar por estradas inéditas. Tudo fica ainda mais nítido quando surge a avassaladora Wild at Heart. Sem perder a essência básica da cantora, a faixa é uma incrível fusão de americana com indie pop e toques de country que poderia ser muito bem tema de um filme do filme de mesmo nome do David Lynch. E se bobear, Lana se influenciou pelo trabalho do começo dos anos noventa para a canção. Esses momentos são os mais acertados de todo o álbum, pois o resto volta quase por inteiro a velha forma da sonoridade de Lana, transitando entre o bom e o simples entediante.

Let Me Love You Like A Woman, primeiro single do álbum, “é uma canção padrão de qualidade e construção da Lana Del Rey. Não deve atrair novos fãs, mas afaga aqueles que já a conhecem como artista. Uma balda indie pop com toque vintage de rock que tem na performance distinta e na escrita única de Lana como o seu ponto forte e a sua base”. Apesar de soar levemente diferente do resto e com qualidades próximas das canções citadas no parágrafo anterior, Yosemite termina não tendo a mesma força emocional, mas continua a mostrar o quanto Lana evoluiu como cantora em uma performance que mantem a áurea “sleepy cool girl” dos primeiros trabalhos e adiciona nuances muito bem vindas. Na verdade, o álbum é realmente segurado pelas impecáveis performances da cantora que construam várias pontas soltas. Em Breaking Up Slowly, parceria com a cantora Nikki Lane, Lana deixa a mostra a sua calculada versatilidade para adequar em uma canção menos esquemática sem sair, porém, da sua zona de conforto. Dando nomes ao álbum, a faixa Chemtrails over the Country Club tem “uma performance inspirada de Lana emoldura a canção de maneira elegante e com a sua personalidade de garota em eterna contemplação melancólica da vida em estado puro. Uma entrega vocal ótima, mas nada que a gente já não tinha ouvido antes e, em alguns momentos, resulta em uma performance avassaladora”. Sem exatamente errar a mão em sétimo álbum, Lana Del Rey continua a construir a sua carreira na persona criada durante os seus anos sob o holofote. Isso não quer dizer que não sejam necessárias umas injeções de novidade para empolgar aqueles ouvintes não tão fieis.

Nenhum comentário: