6 de março de 2022

Primeira Impressão

Night Call
Years & Years




Recomeçar uma carreira é algo bastante complicado, pois, apesar de já ter uma base sólida, o artista precisa se reencontrar sonoramente. Esse é o caso do Olly Alexander. Depois de fazer da banda Years & Years se tornar um projeto solo com a saída dos músicos Mikey Goldsworthy e Emre Türkmen, a cantor lança o primeiro álbum nessa formação: Night Call. Apesar de ter as suas qualidades, o álbum mostra o impacto da saída dos integrantes ao ser um trabalho morno e bem distante do resultado dos trabalhos anteriores.

O grande problema de Night Call é exatamente o que os álbuns anteriores não tinham: a massificação da sonoridade. Enquanto tínhamos personalidade imensas em Communion de 2015 e, principalmente, o genial Palo Santo de 2018, o novo álbum é uma coleção em tons pasteis do mesmo electropop/synth-pop. Sem o refinamento que era tão presente, Night Call se perde em tentativas bem feitas, mas que quase nunca realmente passam o limite do apenas bom para o ótimo. Pior: o álbum nunca chega a empolgar como poderia e deveria. E isso fica parecendo que falta alguma peça em uma teia muito bem feita tecnicamente, mas que não chega a se conectar de maneira fluida. Boa parte dessa impressão vem da produção de Mark Ralph que é o principal nome por trás de todas as faixas. Sólida e segura, a produção não apresenta nenhuma pintada de criatividade genuína e muito menos a personalidade realmente que fez o Years & Years se tornar uma força do pop nos últimos anos. Para não dizer que não falei das flores, Night Call apresenta algumas boas qualidades. Em primeiro, o fato das canções sempre entregarem bons refrões, mesmo que a qualidade final não seja a altura. Além disso, a presença sempre ótima dos vocais de Olly que consegue se fazer presente em todos os momentos, mostrando versatilidade, sensualidade, dinâmica e personalidade. Uma pena que o mesmo não tenha um material a altura para trabalhar, mas quando tem é capaz de entregar uma faixa como Sooner Or Later: “uma eficiente, enigmática e envolvente eletropop que consegue entregar personalidade própria em uma instrumental encorpado e bem construído.” Outros bons momentos ficam por conta o single Starstruck ao ser “synthpop como toques de electropop e verniz dos anos oitenta, a canção melhora de fato na sua parte final quando a produção incrementa fortemente a instrumentação e isso dar mais corpo para o resultado final”, a divertida Night Call e, por fim, a dramática Make It Out Alive. Tenho que admitir que fiquei decepcionado com o resultado final do álbum, mas espero que esse seja um tropeço no recomeço de trajetória para o Olly Alexander e que os próximos passam mostrar o motivo do Years & Years ser um dos suprassumos do pop contemporâneo.



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