24 de abril de 2022

Primeira Impressão

INVU
TAEYEON




A invasão da cultura coreana nos últimos anos vem trazendo uma onda de novos ares para o mainstream que mostra para parte do público que existe vida inteligente fora do mercado estadunidense. E por causa desse sucesso é possível conhecer nomes realmente interessantes como é o caso da cantora coreana Taeyeon que lançou o ótimo INVU.

INVU é uma agradável surpresa no instante que se nota que é um trabalho puramente de pop/R&B. Direto, clássico, redondinho e com uma produção certeira, o terceiro álbum da Taeyeon, que é um dos maiores nomes solos da Coreia do Sul, é deliciosamente simpático que prefere apostar na segurança do que em buscas pretenciosas por quebras de expectativas. E boa parte do resultado final ser bem acima da média é devido a presença radiante de Taeyeon. Dona de uma voz límpida e cristalina, a cantora tem esse je ne sais quoi que é preciso para divas pop serem tão atrativas para o público. Com um carisma refinado e natural, a artista conta também com um potencial imenso vocal que quando trabalhado realmente na medida certa alcança lugares altíssimos. Esse é o caso do abre alas e faixa que dá nome ao álbum: a excepcional INVU. Apesar de toques de EDM, a faixa se manifesta como uma iluminada pop/R&B com uma batida envolvente que lembra os trabalhos da Ariana Grande na era Dangerous Woman, especialmente na genial Into You. E apesar do álbum perder folego após esse começo tão especial, INVU continua em uma toada realmente inspirada.

É interessante perceber que a produção procuro uma identidade própria para a cantora em uma sonoridade que repete clichês, mas que foge completamente da onda do k-pop. Como disse na resenha do EP da cantora intitulado What Do I Call You: “a principal qualidade do EP é tirar algumas formulas que dominam o k-pop em prol de uma sonoridade mais orgânica, fluida e simpática”. Sem precisar exatamente repudiar o estilo, o álbum busca casar a personalidade da cantora e toda o seu potencial com o estilo que melhor, indo buscar influências na mainstream americano e também no chamado city pop (subgênero japonês surgido nos anos setenta). Isso é facilmente notado na deliciosa pop/post-disco Toddler. A canção também deixa a claro como é fácil estabelecer uma alta qualidade para uma canção pop quando todas as peças se encaixam perfeitamente. Em Timeless, por exemplo, é entregue uma balada pop mid-tempo que remete aos trabalhos do final dos anos oitenta com um verniz de R&B radiante. Fato curioso notado por mim: parte da canção, especialmente as notas iniciais e a ponte, é bastante parecida com a melodia do clássico romântico Take My Breath Away da banda Berlin. Não achei, porém, nenhuma informação que tenha sido usado o sample oficialmente ou é apenas uma semelhança dentro do mundo pop. O único problema que realmente afeta o resultado final do álbum é que, apesar de ser relativamente um álbum rápido com cerca de quarenta minutos, soa levemente arrastado na sua parte final. Felizmente, isso não tira o brilho final que INVU apresenta do começo ao fim. Outros momentos de destaque ficam por conta da irresistível Some Nights, o toque pop rock em Cold as Hell, a classuda Heart e, por fim, a fofíssima e good vibes WeekendINVU é leve, despretensioso e otimista, mas nunca se torna dispensável ou esquecível. Na verdade, a presença de Taeyeon é uma lufada de ar fresco que mostra o que é importante é conhecer novas visões sobre arte.


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