28 de maio de 2023

Primeira Impressão

Good Riddance
Gracie Abrams




Existe toda uma geração de novos artistas que estão sendo diretamente inspiradas e influenciados pela última geração de nomes que surgiram na música pop. Lorde, Billie Eilish e, principalmente, a Taylor Swift são os principais nomes que vem na mente de qualquer um que vem acompanhando a indústria recentemente. E isso é o que está na base da carreira da Gracie Abrams como deixa bem claro o seu debut Good Riddance. Apesar de ainda falta bastante personalidade, a jovem entrega um trabalho com vislumbres do que a cantora pode se tornar no futuro.

Em vários momentos, Good Riddance parece exatamente o que seria um álbum vindo de algumas das citadas, especialmente e principalmente da Taylor. E essa sensação aumenta quando se percebe que é o trabalho praticamente coescrito e produzido por Aaron Dessner que, na minha opinião, é o responsável pelo amadurecimento da Taylor ao produzir Folklore e Evermore. Com a presença de Dessener é garantido que o álbum seja tecnicamente primoroso, lindamente instrumentalizado e sonoramente coeso e extremamente bem pensado. Entretanto, esse indie/alt/folk pop é basicamente um requentado bem feito do que a gente já ouviu de maneira fresca pelos trabalhos já citados. Existe, porém, a qualidade criada pela mão firme do produtor que não faz Good Riddance não se tornar uma imensa bomba: nunca é uma cópia. Aqui e ali aparecem toques, nuances e texturas que dão certa distinção para o que ouvimos não ser um verdadeiro cópia e cola aliando-se a qualidade básica do álbum. E isso é alcançado em bons momentos como a melhor canção do álbum: Where Do We Go Now?.

A canção é uma intrigante, minimalista e tocante mistura de indie pop com pop rock e dream pop que resultado em algo realmente refrescante. Apesar de carecer de algo que pudesse fazer o arranjo não ser tão linear desde o começo, a produção consegue criar uma atmosfera balanceada entre ter o lado comercial de uma Olivia e o lado alternativo de uma Phoebe Bridgers. Entretanto, o que dá vida para Where do we go now? e, por consequência, para Gracie é a sua impressionante composição”. Essa última observação é importantíssima para mostrar o motivo real para que Gracie Abrams seja realmente uma promessa verdadeira e não apenas uma na multidão. Mesmo tendo Dessner como coautor de todas as canções é possível notar uma compositora interessante nascendo devido a maneira como são construídos certas imagens e a exploração realmente interessante de alguns sentimentos. Há certa similaridade com a lírica da Taylor novamente, mas é preciso apontar que a mesma só chegou nesse ponto de maturidade lírica depois de chegar aos trinta. É como se a Gracie fosse a Taylor de dez anos atrás, mas com as qualidades atuais da diva de Nashville. Então, acredito que daqui a uma década ou menos, Gracie será uma brilhantes compositora quando finalmente descobrir a sua verdadeira voz. Enquanto isso, a jovem entrega alguns ótimos momentos como em Full Machine (I'm a forest fire/ You're the querosene/ I had a life here before you/ But now it's burnin'), Best (Used to lie to your face/ Twenty times in a day/ It was my little strange addiction) e, por fim, I should hate you que tem provavelmente os versos mais passivos-agressivos que vi nos últimos tempos: Pulled the knifе out my back, it was right where you left it/ But you aimеd kinda perfect, I'll give you the credit. Good Riddance é um tipo de começo de carreira que será lembrado como a amostra do potencial de Gracie Abrams. Agora é esperar para saber se isso terá uma boa ou má conotação no futuro. 

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