10 de setembro de 2023

Primeira Impressão

SUPER
Jão




É preciso celebrar que o maior nome masculino da pop nacional seja o Jão. Bissexual assumido e sem medo de explorar a sua sexualidade nas suas canções, o seu sucesso comercial que foi possível fazer uma turnê pelos estádios brasileiros é apena superado pelo da Ludmilla que se beneficia da sua sonoridade ser mais abrangente. Entretanto, não posso de ter essa pulguinha atrás da orelha em perguntar o por que desse sucesso, pois o resultado do seu quarto álbum SUPER é apenas ok.

Na verdade, o álbum sofre de uma coisa que é quase pior que resultar em algo ruim: ser simpático. Longe de ser o desastre que muitos estão pintando pelas redes sociais, SUPER é no máximo morno, sem muito inspiração e repetitivo, mas bem feito e com certo charme devido ao Jão ser carismático. E é por isso que o álbum não é uma bomba devido ao cantor ser tão magnético como interprete, mesmo não sendo exatamente o meu tipo de preferido de persona artística e ter sido usado um pouco a mais o auto-tune em alguns momentos. Todavia, isso não é suficiente para impedir que SUPER seja apenas MÉDIO sonoramente.

Seguindo não apenas a mesma toada dos seus álbuns anteriores, mas acredito que buscando certa inspiração na Taylor Swift, o álbum é coleção de pop/pop rock/synthpop contido, radiofônico, regrado e sem muito sabor para quem não esteja exatamente na bolha de seu público alvo. Falta ousadia que não seja previsíveis para a sonoridade do cantor, pois tudo que é acrescentado aqui é completamente visível que vai acontecer bem antes como, por exemplo, citações pop de outros artistas e até o mesmo, quebras de expectativas que não mudam nada e uma clara tentativa de soar conceitual. Isso mostra que Jão quer evoluir sua sonoridade como qualquer um em amadurecimento. Entretanto, nada dá profundidade para as suas canções e, queridos amigos, é o que realmente precisaria para fazer o Jão realmente passar de nível, especialmente nas suas composições formulaícas sobre amores tóxicos e dores de cotovelo sem cura que, apesar de bem escritas, não saem do mesmo lugar temático e lírico. Outro problema é que a maioria das canções devido a sua brevidade de duração não dá tempo de serem melhor exploradas, deixando essa sensação de parecem serem demos aproveitadas e não finalizadas devidamente. Existem alguns bons momentos que precisam ser citados. A melhor faixa do álbum é que fecha o trabalho e dá nome ao mesmo: Super funciona melhor no instante que a produção dá espaço para tudo ser melhor trabalho ao longo dos seus quatro minutos e meio. Julho tem uma vibe gostosinha de ouvir, mesmo que tenha acordes de Torn da Natalie Imbruglia e Kiss Me do Sixpence None the Richer (e, claro, a polemica de São Paulo, 2015 é completamente feita sobre Escapism da Raye e nem sabe aproveitar a sua qualidade). Locadora é uma nostálgica e fofa volta a um tempo que não volta mais e Escorpião é um bom começo para um álbum que não vai muito mais além. Jão é um artista que merece ser reconhecido pelo seu sucesso, mas agora precisa realmente achar o seu momento de quebra para crescer de verdade artisticamente. 



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