28 de setembro de 2025

Primeira Impressão

Wishbone
Conan Gray

Ao chegar ao seu quarto álbum, Wishbone, Conan Gray entrega o seu trabalho mais maduro até o momento, mesmo que ainda esteja longe da sua consagração plena. Entretanto, o álbum tem elementos que deixam claro que o artista está no caminho certo e, principalmente, em constante evolução.

Essa evolução é um reflexo claro do seu crescimento pessoal, especialmente quando percebemos que o álbum é o trabalho que mais reflete sua vida de maneira íntima e pessoal. Houve um boato/teoria de que o álbum seria destinado ao ator Kit Connor, pois refletiria um relacionamento não revelado entre os dois. Mesmo que isso não seja exatamente verdade, fica claro que Wishbone tem um cerne temático bem definido e pungente: a expiação de Conan de um relacionamento complicado que não acabou bem, especialmente devido ao peso de ter sido mantido em segredo.

Mesmo sendo recorrente, o tema não se torna arrastado ou enfadonho, graças ao ótimo trabalho lírico, que consegue dar a cada canção momentos que misturam honestidade genuína com um senso estético bem definido e com personalidade suficiente para se sustentarem sozinhas. Não que sejam letras geniais, mas, sinceramente, elas refletem como Conan vem crescendo e se refinando ao longo do tempo. E isso é a base da ótima This Song:

“A canção é uma bonita e tocante declaração de amor, feita após muito tempo de ter guardado esse sentimento. É simples tematicamente, mas muito eficiente devido ao trabalho refinado de composição.”

Existe claramente um cuidado estético muito bem pensado que, às vezes, soa um pouco asséptico demais para a emoção que o trabalho quer transmitir. Felizmente, isso é apenas um pequeno detalhe diante da emoção sincera que emerge da sólida lírica de Conan, que compôs todo o álbum com a ajuda de alguns parceiros.

Outro ponto importante que faz a diferença em Wishbone é o claro amadurecimento vocal/performático do cantor, que parece ter encontrado o nível perfeito para aproveitar todo o seu lindo e melancólico timbre em performances realmente elogiosas em todos os sentidos. O melhor momento vocal do álbum é também o ápice geral: a emocional e grandiosa Vodka Cranberry, em que o cantor sabe balancear o seu grande alcance com uma faceta mais contemplativa, criando o clímax perfeito.

Wishbone erra, porém, na construção da sua sonoridade. Não é exatamente um erro, mas sim um “não acerto” completo. Produzido por Dan Nigro, Ethan Gruska e Noah Conrad, o álbum é uma coleção bem montada e caprichada de um indie pop/pop rock claramente inspirado na estética dos anos noventa, que convence totalmente quando todas as peças estão no lugar certo. Todavia, quando alguma pecinha fica fora do lugar, o resultado é um pouco abaixo da expectativa, deixando a sensação de que o álbum poderia ser bem melhor como um todo. Felizmente, isso é mais um tropeço do que uma queda definitiva.

Alguns outros momentos que merecem destaque são a faixa de abertura, Actor, que traz um dos melhores versos do álbum (“And you've spent the summer drinking / While I spent it being erased”), e a deliciosa influência do indie rock em CaramelWishbone é o melhor álbum de Conan Gray e, acredito, será a porta de entrada para trabalhos ainda melhores no futuro.

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