28 de setembro de 2025

Uma das Melhores

One of the Greats
Florence + The Machine


Obviamente, eu já espero nada menos que excelência vindo do Florence + The Machine, mas, sinceramente, fazia algum tempo que uma canção da banda não tinha o mesmo impacto fulminante como a genial One of the Greats.

Segundo single de Everybody Scream, a canção entra diretamente no hall das melhores da discografia da banda e, também, no topo entre as melhores do ano. E acho que isso não é de surpreender, mas a canção supera devido à sua imensa e descomunal força emocional, em que tem possivelmente a composição mais crua, honesta e devastadora que escutei em anos.

One of the Greats é uma crônica genial sobre a percepção da nossa mortalidade (influenciada diretamente por uma experiência de quase morte da Florence em 2023) ao mesmo tempo que é uma visão aguçadíssima e destemida sobre o lugar da mulher na indústria da música. Assuntos profundos e espinhosos como esses não são territórios desconhecidos para a banda, mas aqui é algo que, sinceramente, encontra a perfeição lírica devido a como a Florence, ao lado de Mark Bowen, consegue fundir os assuntos tratados com uma fluidez impecável, criando uma narrativa robusta sem nunca soar pretensiosa, que vai se desenrolando em um soco no estômago atrás de outro.

E o grande ápice de uma composição já de qualidade altíssima é quando surge o melhor verso de 2026: “It must be nice to be a man and make boring music just because you can”. Eu dei uma lufada de ar misturada com uma risada sincera ao ouvir o verso. Sonoramente, One of the Greats é uma classuda, poderosa e marcante mistura de indie rock, art rock e gothic rock, com uma inspirada instrumentalização que carrega toda a força da composição sem dar espaço para vazios e, também, sem se sobressair a ponto de tirar o foco principal da canção. Florence entrega uma performance sensacional, como sempre, transmitindo toda a emoção crua da sua composição sem exageros e sem fugir também da melancolia e da acidez.

One of the Greats já vem com o nome perfeito, que indica o seu lugar no panteão da discografia do Florence + The Machine.
nota: 9

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