26 de dezembro de 2019

Primeira Impressão

The Lion King: The Gift
Beyoncé & Vários


Como já dito anteriormente, a Beyoncé está no momento da sua carreira que pode fazer exatamente o que bem entender sem precisar provar nada ou seguir o "lógico". Devido a isso, a decisão de lançar The Lion King: The Gift não deveria quasar muita comoção em respeito ao seu conteúdo, mas parece que parte do público que ainda não entendeu em qual nível chegou a carreira da cantora. Isso não impede que The Lion King: The Gift seja um trabalho interessante, mesmo que cometa algumas falhas.

Para quem não sabe, The Lion King: The Gift veio do trabalho da cantora como dubladora na nova versão de O Rei Leão. E é aqui que mora o primeiro problema do álbum: apesar de levar o nome do filme e incluir partes de diálogos que tentam passar uma conexão com as canções, o álbum soa mais como um trabalho levemente inspirado no filme e na sua história. Na verdade, a intenção do álbum é claramente remeter a musicalidade africana e, claro, a cultura negra. Quem esperava algo mais ligado ao filme, a decepção é real e justificável, mas quem está de mente mais aberta irá descobrir um álbum com bem intencionado e com uma sonoridade que o público mainstream fora da África não está acostumado a escutar. E como produtora principal do álbum, Beyoncé consegue recrutar uma equipe de colabores de peso, misturando nomes de peso da indústria africana com a indústria americana. Dessa forma, The Lion King: The Gift é um sólido, por vezes inspirado, álbum de pop/R&B com doses dessa influência da sonoridade africana que ajuda o álbum a ganhar riqueza sonora e nuances. Canções como FIND YOUR WAY BACK e WATER que tem a participação do Pharrell e do artista africano Salatiel se beneficiam dessa mistura de sonoridades, pois, se não fosse assim, poderiam facilmente soarem como trabalhos pop esquecíveis. Outro problema, porém, é o fato que The Lion King: The Gift é uma apresenta superficial de mais para uma sonoridade/cultura tão rica como a africana.

A intenção da Beyoncé aqui é louvável: buscar as suas origens ao produzir e participar em um álbum que reverencie a terra mãe. E isso não algo que possa sofrer alguma critica, mas como a mesma construiu o álbum. Mesmo com ajuda de nomes importantes da música africana, The Lion King: The Gift ainda soa como um trabalho asséptico demais em relação a não se aprofundar no seu objeto de homenagem/exaltação. Não que esperava algo hardcore e nada comercial, mas o resultado final do parece mais como uma esforça e bem intencionada tentativa do que uma verdadeira obra bem sucedida. Claro, artisticamente seria muito interessante uma artista do porte da Beyoncé se deixar se levar de forma profunda por uma sonoridade tão não convencional aos nossos ouvidos. Não que isso afete consideravelmente o resultado final, pois o álbum consegue se sobressair devido a qualidade da produção e a ótima execução dentro da sua proposta. Dessa maneira, The Lion King: The Gift acaba sendo um divertido, vibrante, empoderado e muito bem construído trabalho que também serve como uma carte de amor a raça negra.

Como já citado, The Lion King: The Gift é, antes de mais nada, uma celebração a cultura negra e, também, as mulheres negras. E isso fica ainda mais claro ao analisar as composições que fazer parte do álbum. Além do trabalho com nomes de artistas africano, especialmente de artistas femininas, as composições ressaltam a força e o poder da comunidade negra e, especialmente, da mulher negra. Uma mistura de celebração com exaltação permeiam todo o álbum, deixando ainda mais claro não só a personalidade do álbum, mas, sim, o caminho que a cantora vem tomando nos últimos anos. E a canção que deixa mais claro essa tendência é a ótima BROWN SKIN GIRL que conta a presença dos artistas Saint Jhn e Wizkid e, também, da Ble Ivy que uma empoderada e vigorosa celebração da mulher com pele escura. E é dessa necessidade que a cantora possui de ir além da música que se transforma na coluna vertebral, no coração e na alma de The Lion King: The Gift, dando ao álbum uma sensação de urgência e necessidade importante. Entretanto, aqui reside outro problema do álbum: a onipresença da Beyoncé.


Claro, The Lion King: The Gift é um álbum idealizado, produzido e estrelado pela cantora com a participação de outros artistas. Só que a cantora parece ter tomado para si as melhores canções do álbum, deixando os "restos" para os artistas convidados. Isso fica fácil notar ao analisar que a maiores dos destaques do álbum são faixas que possuem a participação da cantora de forma efetiva.  E em um álbum que tenha a intenção de um trabalho de ser uma colaboração não dar mais destaque aos artistas participantes soa um pouco pretensioso. Felizmente, isso não atrapalha tanto o resultado final devido as suas outras qualidades como, por exemplo, deixa claro a melhor faixa do álbum: a inspiradora e poderosa BIGGER. Outros momentos de destaque ficam por conta da rápida, mas marcante, parceria com  Kendrick Lamar em NILEMOOD 4 EVA com o JAY-Z e do companheiro de dublagem Childish Gambino e o single SPIRIT. Longe de ser o melhor trabalho da cantora até mesmo nesse anoThe Lion King: The Gift deve ser encarado como um projeto pessoal da cantora que ajuda a construir uma carreira cada vez mais lendária.

Nenhum comentário: