4 de junho de 2020

Primeira Impressão

Heaven To a Tortured Mind
Yves Tumor


Tentando cada vez mais abrir os meus horizontes em relação a novas artistas, eu estou realmente descobrindo um mundo excitante, interessante e desafiante de sonoridades que normalmente não são aqueles que estão no topo da minha playlist. Nem sempre é fácil mergulhar nessas novas águas, mas é sempre gratificante a experiência. Recentemente, o novo mergulho às cegas foi com o interessantíssimo Heaven To a Tortured Mind do músico Yves Tumor.

Conceituado músico experimental, Sean Bowiem, nome de batismo de Yves, entrega no seu quarto álbum um verdadeiro deleite sonoro para aqueles que gostam e querem se aventurar em uma sonoridade completamente distinta, única, difícil, criativa, nada comercial e substancial. Acredito que fica fácil de perceber que o álbum não é para o gosto de qualquer um, mas para aqueles que forem capazes de mergulhar nessa aventura serão recompensados com um trabalho de um refinamento moderno impressionante. O mais impressionante é que Yves, que também é co-produtor do álbum, sabe muito bem qual a sua sonoridade e, principalmente, como colocar em pratica toda a complexidade sonora da mistura de rock experimental, soul music, funk e as várias notas psicodélicas. Grandioso instrumentalmente e gradualmente mais profundo ao longo da execução, Heaven To a Tortured Mind é um lembrete sobre o quanto importante é ter uma visão e saber como executá-la sem perder foco, coesão e a força. Em um dos seus melhores momentos, o álbum é capaz de entregar uma verdadeira pérola como é o caso da sensual e envolvente Kerosene! que lembra uma vibe Prince encontra D'Angelo. Uma pena, porém, que o álbum não tem a mesma conexão tematicamente. Não que as composições sejam ruins ou coisa parecida e, sim, é que as mesmas são trabalhos bem mais difíceis de serem compreendidos em toda a sua glória como é a sua sonoridade. É complicado falar que falta algo ou o que está errado, pois no quadro geral tudo soa perfeitamente bem. Vocalmente, Yves é dono de uma voz áspera que prioriza mais as sensações que as suas performances podem causar do que se mostrar como um grande cantor. Outros momentos de destaque ficam por conta de Gospel For a New Century, Romanticist e Super Stars. Não é um trabalho feito para qualquer público, mas existe um público perfeito para ouvir um trabalho como Heaven To a Tortured Mind.


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