Mahmundi
Ao chegar no no seu terceiro álbum, Mundo Novo, carioca Mahmundi muda substancialmente de sonoridade, indo de uma mistura de MPB com new wave influenciado pelos anos oitenta para uma MPB tradicional e com forte pegada de sonoridades brasileiras. Todavia, essa mudança não altera a qualidade da sonoridade da cantora em um álbum de uma graciosidade perfeita para a época que vivemos.
A mudança de rumos na sonoridade poderia facilmente desandar e acabar soando forçada ou/e desastrosa, pois os dois álbuns anteriores tinham uma personalidade bem definida e azeitada. Obviamente, Mahmundi não alterar drasticamente a sua música como, por exemplo, indo para o k-pop ajuda o resultado final já que a transição acontece de forma orgânica e com uma suavidade de um barco navegando em um mar calmo. Todavia, a maior qualidade dessa transição é que ter mantido as principais qualidades da cantora que extrapolam gêneros ou/e estilos que faz da artista uma verdadeira alegria para os ouvidos.
Elegante, delicada e sofisticada, Mahmundi transforma Mundo Novo em uma coleção dos seus principais atributos ao flertar pesadamente com uma sonoridade ainda mais brasileira, criando um álbum de MPB leve como um pluma, clássico como os finos da bossa e moderno como apenas o olhar jovem da cantora pode dar. Graciosamente influenciado pela MPB dos anos noventa, Mundo Novo tem uma produção ótima que é capitaneada quase totalmente pela própria Mahmundi. Infelizmente, o álbum tem um grande defeito: a sua parca duração. Com apenas sete faixas, sendo uma intro com a gravação de uma mensagem de um amigo, e um pouco mais de vinte minutos, Mundo Novo poderia ser bem mais cativante e marcante com a adição de mais umas três ou quatro faixas. Mesmo assim, o álbum entrega momentos realmente inspirados como na romântica Nós de Fronte e o seu leve toque de Marisa Monte, Vai e a sua linda e triste crônica de um fim de amor, a envolvente No Coração da Escuridão e, por fim, a melhor faixa do álbum Sem Medo que com a produção de Davi Moraes ganha um delicioso verniz ainda mais nacional. Mundo Novo é um álbum perfeito para curtir uma tarde preguiçosa em que a ideia é apenas apreciar sem pensar na loucura a nossa volta, mesmo que seja por um tempo curto.
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