13 de junho de 2021

Primeira Impressão

Spaceman
Nick Jonas




O novo álbum do Nick Jonas é o trabalho que tem a intenção de mostrar que o cantor deixou para trás qualquer resquício do astro teen em transição que os seus dois últimos álbuns tinham e agora o público está diante de um astro pop maduro. Nesse quesito, Spaceman alcança esse resultado com facilidade, pois Nick realmente soa como um artista amadurecido que encontrou o seu lugar dentro da indústria fonográfica. Uma pena, porém, que o resultado final é completamente insonsso.

Produzido inteiramente pelo Greg Kurstin, Spaceman é essencialmente um álbum de pop contemporâneo salpicado por synth-pop, dance-pop e electropop que tem a intenção clara que mostrar amadurecimento sonoro, lírico e vocal de Nick. Com coesão desde as primeiras faixas, o álbum é bem intencionado, bem produzido, romanticamente fofo e equilibrado, mas completamente sem graça. Não é o tipo de sem graça que respinga na diminuição de qualidade e, sim, na não elevação do material. Não existe nada de excitante, explosivo, original ou que tenha personalidade definida corretamente. Ouvir Spaceman é como comer um arroz muito bem feito sem nem pingo de tempero. Todos os elementos estão lá no seu lugar, mas falta o toque especial e necessário de um tempero que dê gosto real para o resultado final. É necessário admitir que é elogiável e até tocante a vontade sincera de Nick fazer um álbum que represente a sua evolução como pessoa. Falta, porém, a noção de como mostrar essa mudança em saber equilibrar a sua personalidade artística com as suas escolhas sonoras. Acredito que o Greg Kurstin não seja o cara melhor para lidar como essa fase na carreira do cantor, pois o produtor vem de trabalhos com artistas que já se encontram totalmente como Adele, Sia, P!nk e Paul McCartney. Outro problema no álbum é o seu esquisito final, pois a penúltima canção (Death Do Us Part) termina de forma abrupta e sem nenhuma conexão com a canção que encerra o álbum (Nervous). Mesmo entendendo que o álbum parece tentar emoldurar o trocar de sintonia no radio, o final é uma decisão bastante estranha e sem nenhuma ligação com o resto do álbum. Expressando o grande entrave em Spaceman é necessário apontar os pontos positivos.

Primeiramente, Nick pode não ser o melhor cantor pop de todos os tempos, mas, novamente, entrega performance seguras, sólidas e com certa versatilidade, mesmo sem o interessante impacto dos seus outros trabalhos. Em segundo, várias composições de Spaceman refletem as vivencias durante a quarentena. Não que sejam profundas crônicas reflexivas sobre o período em que vivemos, mas o fato de Nick e seus colaboradores terem a coragem de abordar de forma tão direta esse assunto como é caso da canção que dá nome ao álbum: Spaceman. Na resenha da canção afirmei que “o cantor decidi ir em um caminho mais reflexivo ao entregar uma crônica sobre os nossos tempos. Obviamente, a composição da canção foi escrita durante o período da pandemia, pois faz alusões bem diretas sobre o que a sociedade está vivendo. Apesar de puxar para um lado mais pessoal, Spaceman tem alguns toques políticos e sociais que mostram a vontade de Nick de parecer maduro e antenado com os problemas que não sejam sobre amores e desilusões. Funciona? Em partes sim, pois o trabalho felizmente não chega em nenhum momento a ter a famosa vergonha alheia”. E por fim, quando Nick mostra personalidade, o álbum tem seus momentos de brilho. A sensualidade cadenciada/contida de Heights poderia ter mais fogo na sua construção, mas Nick carrega bem a canção em uma performance perfeita para a vibe da canção. Em This Is Heaven, a produção dá uma animada bem vinda com uma pegada dance-pop com toques de anos oitenta que lembra os melhores momentos da carreira do cantor até aqui. E finalizando os melhores momentos do álbum, Sexual é o tipo de canção que ajuda a solidificar o status de sexy symbol/esposo devotado que realmente mostra o amadurecimento do cantor. Espero realmente que esse álbum seja o de transição de Nick Jonas e que os próximos possam acertar as pontas soltas na sua jornada artística. De qualquer forma, Spaceman é um indicio de um artista que está em realmente em evolução.

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