27 de junho de 2021

Primeira Impressão

Justice
Justin Bieber





Depois de ouvir o sexto álbum da carreira de Justin Bieber tenho uma sensação crescente que o cantor vive em uma bolha cercado de apenas da sua visão sobre vida. Obviamente, essa decisão ajudou o cantor a estabilizar a sua vida pessoal marcada por dezenas de polêmicas e problemas durante o período de transição entre a adolescência e a fase adulta. Todavia, isso parece atrapalhar imensamente a evolução artista de Justin, pois limita toda a sua sonoridade a uma estética rasa e sem nada de que mostre evolução. Em Justice, o cantor dá alguns leves indícios de querer realmente se mostrar livre dessa bolha, mas não o suficiente para livre o trabalho de ser uma verdadeira bomba musical.

A principal razão do álbum ser tão ruim é a imensa e vergonhosa pretensão de Justin e a produção de adicionar uma consciência social permeando um álbum que liricamente não passa de uma grande, morosa e repetitiva carte de amor para a esposa. Ao introduzir inserções de discurso de Martin Luther King que não tem nenhum ligação com a proposta do álbum, a produção tenta mostrar que Justin é um jovem “antenado” com os problemas do seu tempo, mas o resultado é desrespeitoso, forçado e que mostra a tentativa de fazer o cantor ser mais do que realmente deveria ser. Se isso não bastasse, o álbum não ajuda em nada no quesito sonoridade, pois é entregue novamente um pop/R&B repetitivo, extremamente superficial e de uma falta de direção impressionante. Com vinte e dois faixas na sua versão deluxe, Justice tem o seu pior momento no instante que surge faixas que claramente querem surfar na onda do The Weeknd e a sua estética synthpop/oitentista, terminando por soarem forçadas, fracas e com uma qualidade básica péssima. Para não dizer que não falei das flores, o álbum apresenta três bons momentos que deixa claro que existe uma luz no fim do túnel: Deserve You é o tipo de canção que soa como a evolução natural que teria tido a carreira do Justin em melhores mãos ao termina sendo o seu melhor momento em anos, a parceria com Khalid em As I Am é simpática e bem feita e, por fim, o single Peaches com participações de Daniel Caesar e Giveon é supreendentemente suportável. De resto, o álbum não tem nada que possa ser redimido, mostrando que enquanto Justin Bieber estiver nessa bolha artística irá continuando ser tão medíocre quanto parte do público espera que ele seja.


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