24 de outubro de 2021

Primeira Impressão

Not in Chronological Order
Julia Michaels




Apesar de normalmente analisar as três bases que faz uma canção de forma separadas é sempre bom apontar que a produção sonora, os vocais e as composições precisam estarem no mínimo alinhadas para o resultado de uma canção ser realmente boa. Nem sempre as três estão no mesmo nível para o resultado ser positivo, mas a qualidade de apenas uma pode influenciar drasticamente. Em Not in Chronological Order, debut da talentosa Julia Michaels, a produção derruba qualquer possibilidade de ouvirmos um álbum pop realmente acima da média.

Vamos aos fatos: Julia não é uma letrista genial, mas entrega composições realmente interessantes ao saber como poucas dosar o lado comercial com uma coleção honesta e sincera de crônicas pessoas sobre amor e suas aventuras e desilusões. Sempre inteligente e com passagens inspiradas, Julia também é uma vocalista impecável e de uma versatilidade radiante, sabendo usar o seu timbre e técnica para dar vida as composições. Todavia, todo esse esforço é ofuscado pela produção estranha, datada, completamente sem foco e linear como o horizonte de um deserto. A tentativa de criar um pop rock/pop que pudesse soar diferente do que é ouvido por várias de suas contemporâneas se transformar em uma tentativa canhestra e arrastada que acerta em outras cantoras como, por exemplo, Selena Gomez e Alessia Cara. Nada realmente conecta em Not in Chronological Order devido a falta de força da produção que tem como principal nome o time The Monsters & Strangerz. Existe dois momentos, porém, que existe alguma vida realmente luminosa no álbum: All Your Exes apresenta uma mistura estranha, mas válida, de nuances que consegue sair do lugar comum e Love Is Weird é simples, eficiente e com uma instrumentalização que beira um indie pop que compensa ser apenas uma balada pop. Quando a composição consegue quebrar de vez a mediocridade da produção, Julia entrega momentos com a honesta History e a cortante e quase devastadora That's the Kind of Woman. Conseguindo não ser um desastre total devido apenas o talento de Julia Michaels, Not in Chronological Order deixa claro que poderia ser um trabalho com as três bases funcionando no mesmo nível.


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