13 de novembro de 2022

Primeira Impressão

We’ve Been Going About This All Wrong
Sharon Van Etten



Uma das melhores coisas que resultaram do meu “trabalho” aqui no blog foi poder ao longo de mais de dez anos de experiências ter uma imensa abertura de visão. E isso foi responsável por abrir consideravelmente o leque dos gêneros/estilos que hoje consigo apreciar de forma genuína. Dito isso, a minha resenha de We’ve Been Going About This All Wrong da Sharon Van Etten só foi possível de verdade, pois hoje consegue apreciar uma sonoridade que quando comecei o blog era algo “alienígena” e distinto das minhas preferencias.

Sexto álbum da carreira da cantora, o álbum é essencialmente um belíssimo trabalho de indie rock que é incrementado por toques de folk, americana e indie pop que se baseia na atmosfera construída para criar toda a sua força artística e emocional. Sem ser arrastado, We’ve Been Going About This All Wrong leva o seu tempo para ir moldando a ferro toda a sua espetacular teia de sons desde o primeiro acorde até a última nota. Apesar de ter apenas dez faixas (versão standart) e menos de quarenta minutos, Sharon ao lado do produtor Daniel Knowles entrega uma complexa, densa e grandiosa sonoridade para dar conta de toda a completude necessária para cada canção.

Nunca procurando saídas fáceis e, sim, saídas que ocupam o seu lugar dentro do contexto de toda o corpulento trabalho instrumental, a produção vai aos poucos estendendo seus braços para várias direções, mas sempre com uma firme mão estética para poder entender qual é o caminho exato. E tudo isso começa de forma genial com a soturna e épica Darkness Fades que não apenas dá o tom para o resto do álbum como também se torna o seu momento mais brilhante em meio a uma coleção sensacional de grandes músicas. Todavia, o que realmente sustenta tudo é a presença devastadora de Sharon Van Etten.

Dona de uma voz que nasceu para ser entoada exatamente dentro de nicho musical, a cantora entrega performance que vão de desenrolando em diversos ramos, mostrando versatilidade imensa e um timbre de uma beleza única. Em Anything, uma indie rock/folk mid-tempo, Sharon busca as suas raízes e origens na americana para dá o tom exato dessa grandiosa explosão que vai sendo construída aos poucos. Logo em seguida, porém, a cantora desce o timbre para uma performance fantasmagórica e grave para dar o tom da densa e magica Born enquanto para a metálica e pesada Headspace a mesma busca uma escola bem rock dos anos noventa. O ponto que acredito que poderia ser mais potente são as composições de We’ve Been Going About This All Wrong, pois, longe de trabalhos que passam perto de serem apenas bons, alguns momentos parecem carecer certo apuro substancial já que se baseiam demais em um pragmatismo lírico que deixa a desejar por alguns instantes. Outros momentos que tenho para ressaltar são as faixas I'll Try e o seu verniz de rock para estádios, a delicadeza tocante e suave de Darkish e, por fim, a linda Far Away. E se não tivesse aberto minha mente em questão musical nunca poderia ter aprendido a apreciar essa perola da Sharon Van Etten.

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