13 de novembro de 2022

Primeira Impressão

SMITHEREENS
Joji




O surpreendente sucesso de crítica e público do lançamento Glimpse of Us impulsionou a carreira do Joji para um novo patamar dentro do mainstream como poucos fizeram nos últimos tempos. E, por isso, o hype pelo lançamento do álbum Smithereens cresceu absurdamente. Com o álbum lançado, o resultado é sinceramente uma mistura entre decepção e surpresa, pois o trabalho consegue ser relativamente bom se a gente o encarar como um projeto inacabado com potencial do que um álbum em sua total completude.

Com nove faixas e apenas vinte e quatro minutos, Smithereens mal se qualifica como sendo um álbum esteticamente e, principalmente, substancialmente. Ao ouvir o trabalho parece que estamos diante de um rascunho bem feito e inacabado do que um trabalho finalizado. Não sei se era exatamente essa a intenção do Joji ou o resultado foi apressado para surfar na onda do sucesso da canção oito da Billboard, mas o fato é o que ouvimos aqui é borrão do que o artista poderia entregar em álbum que tivesse a mesma força, intenção e finalização que os seus melhores momentos. O álbum segue a seguinte estrutura: existem algumas boas faixas que são cercadas de faixas que ficam apenas no campo de uma boa ideia não terminada/aproveitada de maneira eficiente. Existe um álbum extraordinário escondido aqui, pois até mesmo quando as faixas são medianas ainda se mostram interessantes, especialmente na segunda metade do álbum que inexplicavelmente foi dividi em dois discos. E isso é o problema: a expectativa que a própria produção constrói e nunca entregar. Essa sensação é amplificada devido ao fato de Smithereens ter inacreditáveis dezessete nomes creditados como produtores, incluindo o Joji, e não conseguir elevar a sonoridade de canções que terminando soando como demos que resultariam em uma grande canção.

Sonoramente, o álbum é uma refinada mistura de indie pop, alt pop, R&B, lo fi e eletrônico que poderia ser brilhante se não fosse os erros apontados anteriormente, mas apresenta pontos tão brilhantes que afasta ligeiramente esses erros. E, claro, o ponto álbum de Smithereens é a já citada Glimpse of Us: “a canção não reinventa a roda de maneira nenhuma, mas entrega uma elegante e tocante balada pop com toques de art pop que parece o meio termo entre a melancolia do James Blake e a classe do Elton John”. E se o resto do álbum tivesse seguido esse caminho, o resultado seria facilmente espetacular, mas o que é visto por boa parte do resto do álbum é apenas um rascunho de genialidade. Na verdade, existe ainda dois outros momentos que se destacam bem acima da média: a delicada e melancólica Die For You e a etérea Before the Day Is Over. E boa parte da qualidade das canções vem do fato de Joji ser um vocalista talentoso. Sua delicada, melódica e aveludada voz ainda precisa entregar caminhos que possam parece diferente do James Blake, mas a sua capacidade de emocionar é realmente poderosa quando tudo está alinhado ao seu favor. Outros momentos bons do álbum é a acústica Dissolve e, por fim, o outro single YUKON (INTERLUDE)Smithereens termina melhor que o esperado devido a essas ideias serem realmente ótima. Faltou para Joji coloca tudo isso em ação do começo ao fim, saindo do campo de boas ideias e entregar boas realizações. Quem sabe na próxima?

 

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