6 de novembro de 2022

Primeira Impressão

Nymph
Shygirl




Uma das revelações mais interessantes dos últimos anos, a britânica Shygirl entrega no seu primeiro álbum, Nymph, exatamente o que normalmente grandes estrelas em ascensão mostram no seu debut: uma mistura entre grandes promessas e momentos aquém do esperado. Felizmente, o resultado aqui pende mais para mostrar todo o potencial genuíno que a artista possui, deixando um gosto bom após o seu termino.

O principal motivo para que Nymph seja um trabalho ainda “mal cozido” é o fato de ainda a sonoridade da artista ainda não estar muito bem definida. Não é exatamente qual é, pois a produção que conta com o trabalho da mesma em parceria de Sega Bodega, parceiros de longa data, com inclusões de nomes como a Arca, BloodPop, Mura Masa, entre outros sabe muito bem qual são os gêneros que melhor casam com estética ao entregar uma interessante mistura de hyperpop, house, UK bass, R&B alternativo, club, synthpop e eletrônico. O problema é como fazer essa mistureba realmente explodir em todas as suas cores brilhantes que parecem rodear toda a construção do álbum. Nymph é, sim, colorido, mas também apresenta pinceladas de cores monocromáticas de tonalidade pasteis que são bonitas, mas que, além de não representarem todo o potencial, também deixam o resultado menos excitante que o poderia e deveria ser. Acho que a melhor analogia seria comparar o álbum como comer um pão francês adormecido: é gostoso e mata a fome, mas não tem a crocância que um pãozinho saído do forno em que chega a manteiga derrete. Dito isso, Shygirl também deixa claro que tem o potencial para ser “grandona sem medo” no instante que o álbum entende toda a sua capacidade.

E isso acontece quando a sonoridade do álbum é mais para o alternativo/eletrônico que para algo mais pop/comercial, deixando bem claro que é necessário se aprofundar em batidas saídas dos caldeirões de mentes criativas como, por exemplo, a Arca. A parceria entre os envolvidos entrega a ótima Come For Me: “áspera, encorpada e magnética deconstructed club/trip hop, a canção consegue dar uma nova perspectiva para o horizonte musical da Shygirl devido a sua incrível noção sobre a música eletrônica”. Na deliciosa house/dance Poison, a batida entrega uma batida eletrizante que é adicionada de um toque de música francesa que a transforma em algo elegante e sensual que mantem esse lado mais alternativo ao mesmo tempo que enverniza com toques comercias que deve encontrar seu pulico em um nicho próprio. Entre o seu lado rapper e cantora, Shygirl ainda precisa encontrar um espaço que possa dominar cada canção de forma e exalar a sua personalidade e não depender dos efeitos vocais para criar a finalização para a sua personalidade vocal. Em seus melhores momentos, a artista é capaz de entregar momentos impressionantes com é a ouvida na sensual uk bass/eletrônica Woe que, ao frigir dos ovos, é o momento de maior qualidade do álbum. Gosto também da batida nua e crua da hip hop/bass and drum de Nike e a performance direta e cheia de swaager que a artista apresenta, mesmo ainda achando que a canção soa mais como uma demo de uma canção genial escondida. Outros bons momentos do álbum é a eletrônica/R&B Honey e Wildfire que fecha o álbum de forma dar esperança para os próximos trabalhos da artista. Espero que a Shygirl possa encontrar a paleta de cores que possa fazer a sua sonoridade explodir, pois Nymph termina como um bom rascunho do que pode estar por vim.


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