2 de dezembro de 2022

Primeira Impressão

The Loneliest Time
Carly Rae Jepsen




A carreira da Carly Rae Jepsen é algo para ser estudado e analisado de perto devido a sua distinta trajetória. Depois de estourar de maneira gigantesca com o hit Call Me Maybe em um distante 2012, a canadense pareceu fadada ao ser one hit wonder. Entretanto, Carly alcançou um status novo ao mostrar que era uma artista bem mais interessante e talentosa que o esperado com o lançamento do já cult Emotion de 2015. Desfrutando desse novo patamar com louros de sobra é lançado o seu sexto álbum intitulado The Loneliest Time que, apesar de não ser o seu melhor, resultado no momento mais maduro da carreira da Carly Rae Jepsen.

A principal diferença do álbum para os seus últimos trabalhos é o fato de ter uma sonoridade mais experimental e diversa que não fica apenas na bolha electropop/syhntpop que a fez ganhar respeito e admiração de parte do público. Com uma lista de produtores variados e com vários estilos diferentes, o álbum ganha toques e pinceladas de estilos como indie pop, contemporâneo, R&B, pop rock, country pop, entre outros que enriquecem a sonoridade de forma fluida e bem intencionada. Nem sempre é um acerto atrás do outro e, principalmente, quem esperava uma metralhadora pop como os álbuns anteriores deve ficar um pouco decepcionado, mas ao passar por isso poderá perceber as belas nuances e o amadurecimento que Carly demonstra. E também irá notar as lindas pérolas que compõem o álbum.

Um dos melhores momentos de The Loneliest Time é uma a balada Go Find Yourself or Whatever. Carly não é exatamente novata em entregar balada românticas ousadas e distintas como mostrou em Tonight I'm Getting Over You e All That, mas essa faixa é que chega mais fundo emocionalmente. Uma tocante e inteligente mistura de country pop com pop rock, Go Find Yourself or Whatever é sobre aconselhar alguém a se encontrar emocionalmente para depois conseguir viver um relacionamento de forma plena. E a composição é de uma honestidade ácida e, ao mesmo tempo, delicada que quebra a possível o “partir o coração” para quem é destinado a canção. Logo em seguida e fechando o álbum está a estranha e deliciosa post-disco/synth-pop que dá nome ao álbum The Loneliest Time com a suculenta participação do Rufus Wainwright que fomenta mais essa sensação que a cantora se mostra madura na sua visão sobre o pop. E, apesar disso, o álbum ainda entrega a velha Carly em alguns ótimos momentos.

Surrender My Heart, canção que abre o álbum, é a faixa mais Emotion ao ser uma efervescente e dançante synthpop de uma energia extremamente ligada a persona da Carly. Outro momento nessa mesma pegada é o single Talking to Yourself que também mostra outra qualidade da cantora ao ter “uma composição sentimental, bem escrita e com um refrão extremamente eficiente”. E nesse quesito que podemos também perceber o amadurecimento da persona artista da cantora em que todas as composições trabalhos eficiente, cheios de personalidades e com um apuro pop refinadíssimo, mesmo quando a canção em si não é sensacional. Esse é o caso de Western Wind em que a letra “cola as pontas soltas devido a sua organicidade com a atmosfera da canção”. Outros momentos que precisam ser citados do álbum é o electropop aveludado de Bends, a simpática e fofa So Nice e, por fim, a cativante batida de Bad Thing Twice. The Loneliest Time é o começo de uma nova fase da Carly Rae Jepsen em que deve se inspirar no seu passado para criar um novo futuro para a sua sonoridade.


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