10 de fevereiro de 2023

Primeira Impressão

Fim do Mundo
Thiago Pantaleão



Já falei alguns vezes sobre o crescimento e expansão da música queer feito por pessoas pertencentes da comunidade LGBTQIA+ nos últimos tempos, fazendo nomes como Pabllo Vittar e Gloria Grove estourar a bolha do mainstream nacional. Obviamente, existe ainda toda uma gama de artistas que ainda trabalham sem a mesma exposição, mas marcando seus nomes de maneira bem clara. Esse é o caso do Thiago Pantaleão que lançou o seu primeiro álbum intitulado Fim do Mundo.

A grande e principal qualidade do álbum é a perceber a qualidade vocal de Thiago Pantaleão. Não apenas para segurar canções “animadas”, mas o cantor apresenta um ótimo timbre aliado com um alcance surpreendente que mostra um potencial grande que poderia ter um material melhor para trabalhar. Sonoramente, Fim do Mundo é um bom, rápido, rasteiro e bem pensado união de funk, pop, R&B e MPB. Existe boas ideias por trás do álbum que, infelizmente, não cumpre o seu potencial pela falta de estofo estético que seja capaz de dar para o trabalho uma força a mais que possa elevar todas as esferas. E isso fica até claro nos melhores momentos do álbum. Joga Na Minha Cara, canção que abre o trabalho, é uma sensual e marcada pop rock/funk/electropop que peca ao não explorar as próprias ideias. Por exemplo, a composição é uma celebração queer de desejo que quebra padrões, mas ficou faltando certa malicia para a construção explorar a sensualidade que a canção quer passar. Outro problema no resultado final são as composições. Mesmo apresentando uma média até boa, as letras faltam exatamente essa profundida estética para criar refinar, elaboras e repensar momentos que poderia ser verdadeira pérolas do pop nacional. Esse é o exemplo Desculpa Por Eu Não Te Amar que careceu de melhor construção para não soar como uma cópia mediana do trabalho do Jão. Em Konoha, uma balada pop, as referências sobre anime dá personalidade para a letra, faltando, porém, um alcance emocional para dar força real para o resultado final. É ótimo, porém, ouvir Thiago poder expressar de forma verdadeira sobre quem ama sem precisar de subterfúgios como é a composição de Mente Pra Mim ou ser sexualmente aberto na prazer culposo LAMBO. Fim do Mundo não é um trabalho sensacional, mas é de uma importância imensa para a continua batalha para a representatividade.

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