29 de maio de 2013

Primeira Impressão

Random Access Memories
Daft Punk

Falei recentemente sobre o quanto drástico pode ser a reação de diferentes críticos sobre um determinado trabalho. Naquela ocasião (nesse caso o Primeira Impressão do álbum da cantora Dido) comentei que ao contrário da recepção da maioria dos critícos especializados, eu iria dar uma posição bastante positiva sobre o CD. Mais uma vez esse desencontro entre visões vai acontecer. Só que vai ser ao contrario. O tão alarmado novo álbum do duo de DJ's franceses Daft Punk, Random Access Memories vem sendo classificado como uma "obra prima" da música eletrônica. Além disso, há também uma parte da impressa que o descreve como a revolução do estilo. Então, depois de ouvir com bastante cuidado fiquei a todo o momento pensando: "apenas isso é o motivo de tanto alarde?".


Devo admitir que fiquei um pouco receoso em ouvir o álbum pensando que como não conhecia mais profundamente o som deles poderia criar barreiras para avaliar da maneira mais adequada. Contudo, lembrei que recentemente avalie o trabalho do David Bowie nas mesmas condições e adorei o álbum. Então, não seria isso que iria atrapalhar meu olhar sobre Random Access Memories. Sem essa amarra me deixei levar sem medo, mas no final o que eu ouvi não condiz com que está sendo propagado por aí. O mais estranho para mim em Random Access Memories é que o trabalho do Daft Punk não é de perto ruim: a produção, se olharmos de uma maneira bem analítica no quesito mais técnico do trabalho, é excelente. Donos de uma experiência imensa, o duo mostra sua qualidade na construção de intrincados e acachapantes arranjos. Mais que cuidado, mas sim, respeito com a música. Tudo muito lindo, mas tudo muito chato. O grande problema do álbum é a sua sonoridade: em busca de renovar o som deles, o duo olha para o passado, mais precisamente para o final dos anos '70 e começo dos '80, e dão sua visão para a disco e o funk feitos naquela época. Só que ao invés de injetar novas camadas para criar algo excitante e novo, eles repetem velhas sonoridades com um verniz que tira toda a graça que os estilos possuem. O álbum é um exercício de paciência com canções arrastadas e sem brilho que nem mesmo a qualidade técnica ajuda muito. Não consigo ouvir os arrombos de criatividade que li sobre o álbum em nenhum segundo. Nem mesmo a presença de lendas da música de vários estilos ajuda o resultado final que ainda peca no sentido do conteúdo das cações já que ele é recheado de composições belas, mas artificiais que parecem feitas para quem gosta do estilo só quer quer parecer inteligente. Posso estar errado? Sim. O tempo vai dizer, mas por enquanto essa é a minha opinião sobre Random Access Memories: um álbum superestimado que não conquistou esse que voz fala.

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