14 de maio de 2013

Primeira Impressão

Wolf
Tyler, The Creator

Claro, todos já ouvimos da nossa mãe centenas de vezes que devemos comer certos alimentos que a gente não gosta já que eles fazem "bem" para a saúde. Depois que a gente cresce descobrimos que era tudo verdade mesmo ainda não gostando do tal alimento. Essa filosofia eu tento aplicar aqui no blog: nem sempre o que eu não gosto pessoalmente deve ser algo encarado como realmente ruim.

Tyler, The Creator ganhou notoriedade em 2011 com o lançamento do álbum Goblin e com a canção Yonkers e seu clipe que foi indicado ao Vídeo do Ano pela MTV e deu o prêmio de Revelação do Ano para ele. Tyler também é conhecido por suas polêmicas: criticou fortemente Bruno Mars, B.o.B, Hayley Williams na letra de Yonkers, brigou com Chris Brown e vários outros rappers menos conhecidos. Além disso, Tyler foi pesadamente criticado por suas letras consideradas misóginas e homofóbicas. Tudo rebatido por Tyler alegando que ele não usa certas expressões para ofender gays ou mulheres pessoalmente. Tyler também é o fundador e "líder" do grupo colaborativo de hip hop/R&B que tem como um dos integrantes o cantor Frank Ocean e outros rappers de menor destaque. Em começo de Abril Tyler lançou o seu terceiro álbum intitualado Wolf que para mim é o "alimento que eu não gosto, mas e necessário".

Wolf não é exatamente um álbum que vai estar na minha playlist pessoal. Contudo, não posso deixar de afirmar que o trabalho de Tyler é um CD de hip hop cru, visceral, original e com uma visão pessoal de um artista único. Devo alertar que Wolf é uma viagem em uma mente conturbadamente estranha que não tem medo de colocar na luz do dia seus pensamentos mais sombrios sobre ele mesmo, a vida, a sociedade e até o amor. Começa pelo estilo de rapper que Tyler é: unindo uma voz poderosa que está longe de parecer de um jovem de apenas 22 anos com vários estilos incomuns alternando entre o Tyler assustador, comovente, old school e vários outros adjetivos. Ao seu modo, Tyler é excepcional rapper. Produzindo todo o álbum sozinho o rapper mostra habilidade como produtor ao criar uma coleção de arrebatadores arranjos em um mergulho profundo no que o hip hop alternativo pode oferecer desde a mais violenta sonoridade até a mais refinada. Agora que entra o ponto onde Wolf se mostra um trabalho para poucos: a viagem pela mente resulta em composições que podem irritar e afrontar pessoas que não compartilham o ponto de visão de Tyler. Só que não posso negar que dentro do que se propõem em fazer Wolf, Tyler é espetacular, ainda mais se analisar apenas a construção gramatical. Um dos momentos que prova tudo isso que eu descrevi está a ótima Colossus que ele fala sobre sua relação com a fama. Há também a sensacional PartyIsntOver/Campfire/Bimmer (três canções em apenas uma faixa) que tem a participação do Frank Ocean e a "canção de amor" na versão de Tyler IFHY com o Pharrell. Com uma pegada totalmente diferente indo para soul music está a interessante Treehome95 com CoCo O. e a Erykah Badu e por fim tem Tamale que lembra muito o trabalho do Pharrell. Wolf deve ser apreciado assim como brócolis, mas não garanto que você gostar do que vai experimentar. (Uma boa ideia do que você vai encontrar em Wolf já pode ser visto logo de cara pela capa do CD!)

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