16 de julho de 2014

Primeira Impressão

Paula
Robin Thicke


Irei confessar um segredo: eu tenho o maior problema em ver alguém passar vergonha, ou seja, eu odeio sentir vergonha alheia. Sim, não tenho condições emocionais de ver alguém pagando aquele mico voluntário. Não vi toda a apresentação da Britney Spears cantando Gimme More em VMA. Mudei de canal quando o Kanye West invadiu o palco e "roubou" o microfone da Taylor Swift. Claro, qualquer aparição da Claudia Leitte. Porém, em certos "acontecimentos" é necessário ter a minha atenção, pois, infelizmente, não tem outro jeito. Esse é o caso do novo álbum do Robin Thicke. Não tem como eu fazer uma análise, se eu não ouvi-lo completamente. Foi difícil, mas o trabalho foi feito e aqui está a minha avaliação.

Para quem não sabe o motivo da "vergonha" do Robin, vamos as explicações: Robin foi casado mais de vinte anos com a atriz Paula Patton (conhecida pelos trabalhos em Preciosa: Uma História de Esperança e Missão Impossível: Protocolo Fantasma). Depois que estourou mundialmente com o sucesso de Blurred Lines no ano passado, começaram a pipocar noticias sobre a infidelidade de Robin que foram agravadas com a super exposição dele. Então, caldo ferveu quando Paula pediu o divorcio e tudo ficou ainda mais público e notório. Então, o que fez Robin? Como qualquer outro musica decidiu colocar em forma de músicas todas as suas emoções sobre esse rompimento. Isso é uma prática mais do que comum e já resultou em grandes músicas e/ou álbuns em toda a história. Porém, se não bastasse a exposição que a separação teve, Robin faz sem a menor cerimônia uma álbum inteiro sem "esconder" qual o intuito do mesmo. Quando escrevo "esconder" quero dizer "não escancarar" como fez o cantor que, além de falar abertamente sobre o principal e único tema do trabalho, colocou o nome do CD de Paula. Claro, se ao menos o resultado final em si fosse algo que valesse tanta exposição, mas, pelo contrário, em cerca de cinquenta minutos Robin Thicke consegue elevar um nível na escala de vergonha alheia.

Paula é um álbum, que mesmo no frigir dos ovos não é seja fiasco total, qualquer qualidade se perde quando percebemos que estamos diante de um homem que em busca de perdão, mas que mete os pés pelas mãos ainda mais expondo mais ainda sua amada. Produzindo ele mesmo com a ajuda do desconhecido Pro Jay, Robin desfila uma coleção de músicas que tentam ter uma unidade que remeta ao um trabalho conceitual, mas, na verdade, é apenas um ajuntado de referências construídas de maneira pouco imaginativa e com uma tonelada de clichês musicais. Robin atira para todo o lado sem acertar nenhum alvo de maneira concreta e ainda deixa um trabalho que deveria soar coeso como se fosse uma sopa de letrinhas rala. E o que falar das composições? Apesar de ser um relato pessoal e até tocável, Paula é, basicamente, um lamento de autopiedade chato, sem brilho e muitas vezes machista colocando Robin como uma "vitima de si mesmo". Robin até esboça arrependimento, mas parece esquecer que essas declarações tão públicas apenas fazem a Paula ainda ficar mais exposta, ou seja, a atriz é duplamente vitima. O que se pode tirar de positivo de verdade é a atuação de Robin: sua voz está "smooth" perfeito e ele entrega boas performances. Contudo, para um álbum que deveria ser a expressão de sentimentos tão dramáticos, Robin não mostra emoção de verdade soando, muitas vezes, parece esta no automático. Para piorar a sensação de vergonha, Paula vendeu apenas 24 mil cópias na primeira semana nos Estados Unidos, 530 cópias na Inglaterra e (pasmem) 54 (!!!!!!!!) cópias na Austrália. Depois desse álbum, Robin Thicke podia dar uma sumida e tentar recomeçar em todos os setores da vida dela e parar de fazer os outros pararem de passar vergonha por causa dele.

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