25 de março de 2017

Primeira Impressão

÷
Ed Sheeran



Não há como negar que nesse momento em que escrever e, provavelmente, nos messes que irão se seguir, o maior nome masculino do pop é o britânico Ed Sheeran. Lançando o seu terceiro álbum ÷ (divide), Ed se consolida como um dos nomes de maior sucesso comercial nos últimos tempos com cifras de vendagens altíssimas mundialmente em álbuns e singles que pouquíssimos artistas dessa geração podem se gabar. Todavia, essa não é apenas a única razão para que Ed possa reclamar esse título, pois o resultado de ÷ é a prova cabal desse merecimento.

O terceiro álbum da sua carreira mostra que já aos 26 anos o cantor já encontrou exatamente quem é a sua persona artista e, o melhor, sabe extrair o seu melhor sem precisar de grandes arrombos sonoros. Então, não espere uma guinada na sonoridade aqui que fuja completamente do que foi ouvido em X de 2014, pois o novo álbum segue a mesma formula de pop/pop rock com toques de indie pop/rock com base de violão/piano. Nada muito novo ou diferente do que o próprio cantor já fez, mas, sabiamente, a produção lapida tudo isso como uma verdadeira pedra preciosa, transformando em um trabalho que, dentro do proposto, pode ser considerado perfeito.

Claro, o trabalho é, na visão geral, comercial ao extremo. Ed e seus colaborados como, por exemplo, Benny Blanco e Johnny McDaid descobriam o caminho para o eldorado e sabem como trilhar quase olhos fechados. Esse é o maior ponto de "discórdia" que pode aparecer nas criticas ao álbum: o resultado final pode soar seguro, repetitivo e, principalmente, sem nenhuma inspiração. Olhando com uma perspectiva menos cínica é fácil notar que Ed não está querendo mudar a música pop, mas, felizmente, fazer a sua música da sua maneira e poder levar a sua mensagem ao grande público. Ed é o anti astro pop: não é exatamente bonito, não sabe dançar (e nem precisa), não precisa de polêmicas para sustentar a sua fama e  não precisa exatamente de uma fanbase histérica de jovens garotas. O que Ed tem um carisma de nerd fofo imenso, talento de sobre como cantor, instrumentalista e compositor e um público que se abrange em vários nichos diferentes dentro do mundo pop. E em ÷ ele conquista esse público mais ao entregar um álbum perfeito para esse público.

Além de ser extremamente bem produzido na questão técnica, Ed tem em mãos um dos álbuns mais românticos/divertidos dos últimos tempos. Sabendo dosar o lado açucarada/apimentado como poucos, a produção vai apresentando canções perfeitas para viram grandes hits uma atrás da outra, seja com uma pegada mais Shape of You ou Castle on the Hill. Todavia, nada disso seria possível caso não houvesse o mesmo trabalho na composição das canções. E isso o álbum possui de sobra ao ser refinado ao máximo, sabendo criar perolas pop sem perder a emoção verdadeira. Canções como a linda Perfect, a melancólica Happier e a linda homenagem aos seus avós em Nancy Mulligan com fortes toques de música folclórica escocesa. E para ser a grande e suculenta cereja em cima de tudo isso está a presença magnética de Ed e a sua voz preciosa que sem precisar ter um grande alcance consegue entregar performances avassaladoras quando precisa ou segurar uma canção mais agitada com a mesma classe como é o caso da divertida Galway Girl ou da triste Supermarket Flowers sobre a morte da sua mãe. Além das canções já citadas outros ótimos momentos no álbum ficam por conta das faixas New ManHearts Don't Break Around Here, DiveSave MyselfEd Sheeran pode não agradar a todos, mas no final do dia não há como negar que hoje o ruivinho está no topo do mundo pop e não há ninguém disposto a incomoda-lo. 

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