30 de maio de 2017

Primeira Impressão

I See You
The xx




Hype. Uma palavra que pode mudar a percepção que muitas pessoas sobre alguma. Para quem não sabe o que a expressão significa é, em termos gerais, quando um assunto está tão em voga que se tornar quase um conseso falar sobre aquilo. Isso acontece por diversos motivos: seja uma campanha de markenting feroz, seja devido a importância que o assunto ganha nas redes sociais ou/e pelas mídias, ou seja, pelo bom e velho boca a boca. Não importa o combustível inicial, quando algo é hypado se torna quase impossível de não ficar sabendo e, principalmente, criar uma opinião. Normalmente, as opiniões nesses casos são completamente opostas de amar ou odiar, mas nunca ficar no meio. Isso acontece exatamente por causa desse hype: ou fazemos parte dessa "onda" ou estamos de fora, basicamente odiando. Então, para conseguir analisar da maneira mais imparcial alguns álbuns, eu sempre preciso colocar-me em local intermediário: nem dentro, nem fora. Nem por sabendo de tudo o que se fala, mas tendo o conhecimento suficiente para saber a importância daquele trabalho para o mundo da música. Esse é o caso do novo álbum do grupo "inglês"? The xx intitulado I See You

Serei bem sincero: antes do lançamento de I See You já tinha ouvido falar bem pouco da banda. Algumas noticias aqui e ali. Algumas menções nas redes sociais. Algumas rápidas ouvidas de músicas em alguma série de TV. Algo do tipo. Mesmo com ótimo começo de carreira que eles tiveram, especialmente entre os fãs, digamos, mais indies de pop e da critica especializada. Apesar disso, a banda continuou voando abaixo do meu radar. Só quando, no começo do ano, começou-se a falar com mais intensidade da banda depois do lançamento de I See You, ajudado pelos shows aqui no Brasil, que fui realmente notar o The xx. Todavia, quando comecei a notar todo o hype em cima deles, cheguei a uma conclusão: seria melhor esperar a poeira abaixar para não ser pego por esse furacão. Então, aqui estamos algum tempo depois e tenho certeza que essa foi a melhor decisão, pois consegui analisar I See You friamente. E a minha analisa final é a mais imparcial: nem o céu, nem o o inferno.

I See You é um estilizado, clean, low profile e muito produzido indie pop/rock que apropria de vários elementos do pop para criar uma sonoridade completamente distinta que faz do The xx  únicos, mas que ainda parecem que colocam uma barreira ao não elevar a sua sonoridade para que possam encontrar um público maior. Talvez querendo ainda se manterem "cool" e criticamente relevante, o The xx decide manter a atmosfera do álbum o menos passional possível o que deixa alguma canção frias, apesar de tecnicamente ótimas. Mesmo assim, I See You é competente ao criar uma atmosfera perfeitamente melancólica, até mesmo nas canções mais animadinhas, para sustentar as certeiras composições sobre como os jovens millennials lidam como corações quebrados, desilusões amorosas e romances conturbados. Assim como a sonoridade, porém, as letras ainda parecem um pouco frias no resultado final, mas devem encontrar seu lugar nos fãs mais apaixonados da band. O grande destaque da banda é a divisão entre os vocais: o melódico feminino de Romy Madley Croft e o mais áspero masculino de Oliver Sim mostram não apenas química, mas um equilíbrio impressionante como é caso da ótima A Violent Noise. Outro ótimo momento do álbum é a triste Performance. I See You não é a genialidade que muitos pintaram por aí, mas contribui para entender um pouco todo o hype em torno do The xx nos últimos anos.

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