9 de fevereiro de 2021

Primeira Impressão

Evermore
Taylor Swift


Analisar a carreira da Taylor Swift que foi de ídolo country teen para diva pop e, agora, artista indie pop respeitada sem perder o seu imenso alcance comercial, mas, sim, apenas crescendo em números estratosféricos, será um trabalho para ser esmiuçado e destrinchado aos mínimos detalhes e, mesmo assim, nunca será repetido com o mesmo sucesso. E devido a sua trajetória única, Taylor é, sem nenhuma dúvida, a maior artista da atualidade que já tem os seus pés fincados dentro da história da música. Em Evermore, álbum irmã do arrasa quarteirão Folklore, continua a trajetória vitoriosa da cantora ao continuar a comprovar o seu talento de forma certeira, mesmo que tenha mais erros cometido.

Considero Evermore como sendo da safra de 2021, pois, devido ao seu lançamento em começo de Dezembro passado, a lista de álbuns para a minha apreciação já tinha se fechado para 2020, sendo que vários ainda nem tinha resenhado. E por isso, as chances dele entrar nos melhores desse ano são reais já que a cantora ainda está colhendo os resultados com mais intensidade durante esses primeiros messes do novo ano. E resultado positivos são apenas os frutos de um projeto que veio para continuar essa elevação da carreira de Taylor para outro nível histórico. Entretanto, antes de entrarmos em Evermore é necessário revistar rapidamente o Folklore, pois ambos apresentam características e qualidades praticamente iguais.

Ao resenhar o álbum anterior afirmei que “ao ouvir Folklore é possível notar facilmente que Taylor está começando a sua maturidade artística. O álbum é uma coleção intrigada, coesa e inspirada de canções que conseguem estabelecer uma evolução sonora e, ao mesmo tempo, retornar de certa forma as raízes da cantora como adulta”. E isso é o que Evermore transmite em toda a sua duração. A cantora parece ter encontrado a sua melhor vestimenta para poder expressar todos os seus sentimentos. Dessa vez, porém, a cantora encontra em gêneros novos a ponte para essa transmissão. Além do indie pop/folk que já tínhamos ouvido, a produção capitaneada principalmente por Aaron Dessner adiciona uma camada espessa e importante de indie rcok e alternativo que dá um peso para o resultado final. Especialmente concentrado na primeira parte do álbum, essa sonoridade mostra que a cantora é capaz de mostrar versatilidade sem precisar necessariamente mudar drasticamente, pois essas canções possuem o mesmo verniz refinado que é encontrado em todas as outras canções. O problema é a percepção que essa sonoridade parece não criar uma rápida conexão com quem ouve. Ao mesmo tempo que entrega uma qualidade técnica perfeita, a produção não consegue explorar de maneira ideal essa faceta da cantora. Tirando a interessante Willow, o álbum apenas decola de verdade quando a produção muda o foco e investe no indie pop/folk.

É quando essa sonoridade é coloca em foco que Taylor parece mais confortável para descarregar toda a sua força emocional. Na verdade, existe uma trinca de canções que eleva o álbum para outro patamar de qualidade. Começando com a devastadora Tolerate It. Sonoramente, a canção segue até um caminho simples: uma balada com base de piano indie pop. Todavia, a delicadeza na construção instrumental é o ponto de equilíbrio para a poderosa composição em que Taylor narra de forma tocante uma relação tóxica em que é simplesmente deixada de lado pelo parceiro, mesmo procurando a sua aprovação para tudo. É uma construção de imagem difícil, mas que encontra o equilíbrio perfeito na delicadeza da instrumentalização que consegue dar beleza a tristeza que emana da composição. Logo em seguida, Evermore continua trágico, mas com uma dosa acentuada e deliciosa de uma Taylor amarga em No Body, No Crime com a participação do trio Haim. Voltado a flertar seriamente com o seu passado, a cantora entrega na faixa uma irresistível mistura de country pop, folk e indie pop que para narrar uma história de violência doméstica com um final inesperado. Outra qualidade que é mantido do álbum anterior é a maneira que as composições são capazes de narrar histórias de maneira a emoldurar uma das bases do country sem esquecer do verniz pop. O trio termina com a densa e de esperança melancólica Happiness que mostra o começo da cura das feridas depois do fim. Outro momento de grande destaque vai para a devastadora honesta Coney Island com participação da banda the National em uma indie pop/rock que consegue balancear as duas vertentes de forma simples e certeira que lembra o clássico Where the Wild Roses Grow do Nick Cave and the Bad Seeds com a Kylie Minougue. Também é necessário destacar Dorothea sobre uma amizade perdida, a balada romântica Cowboy like Me e nova parceria com o Bon Iver na canção que dá nome ao álbum Evermore. Apesar de não empolgar tanto como o álbum anterior, conter mais faixas fillers e o mesmo erro de duração exagerada, o álbum entrega é um atestado da força artística de Taylor Swift no melhor da sua carreira.


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