9 de dezembro de 2021

Primeira Impressão

lately i feel EVERYTHING
Willow





Conhecida incialmente como a filha do Will Smith que fez história aos dez anos de idade com o sucesso de Whip My Hair, a Willow mudou drasticamente a sua carreira ao se tornar uma excitante, multifacetada e versátil artista que já transitou entre o R&B, o experimental, o pop e o psicodélico. Aos vinte e um anos, a cantora encontra o seu melhor momento ao cair de cabeça no rock no divertidíssimo e, por algumas vezes, sensacional lately i feel EVERYTHING.

O que faz do álbum ser tão surpreendente bom? Alguns responsáveis, mas, sinceramente, acredito que o respeito e admiração da Willow pelo “material original” é que faz a diferença. Influenciada diretamente pela mãe Jada Pinkett Smith que já teve uma banda de metal, Willow mostra um carinho tocante pelos gêneros que não se apoia apenas no sentimentalismo ou é construído com base na nostalgia pura, mas, sim, uma fusão sincera dos dois em forma de homenagem com releitura. Nem sempre isso resultado em canção propriamente cozida que funciona inteiramente. Felizmente, isso não é problema no instante que boa parte do álbum funciona melhor que o esperado.

Ao ser rápido e rasteiro com apenas vinte e dois minutos, lately i feel EVERYTHING corta arestas secamente que poderiam afetar o resultado final ao dar espaços para erros óbvios como, por exemplo, soar arrastado. E é por isso que o trabalho quase surge como um EP que um álbum completo que, felizmente, consegue passar todo o escopo de influencias da Willow de maneira refinada, encorpada, divertida e sem nunca se levar extremamente a sério. E tudo começa pela boa Transparent Soul com parceira com o baterista Travis Barker: “entregando um rock mais tradicional misturado como punk e pop, a cantora se mostra uma camaleoa ao segurar graciosamente os vocais e entregar personalidade suficiente, lembrando até mesmo os áureos tempos da Avril Lavigne”.

Navegando por gêneros e subgêneros do rock como, por exemplo, o emo, pop-punk, experimental e grunge, lately i feel EVERYTHING parece muitas vezes prometer mais do que consegue entregar, mas isso não quer dizer que Willow deixe esses problemas atrapalharem as suas performances camaleônicas. Fluido de maneira natural e bastante inspirada, a cantora carrega cada estilo escolhido de maneira extremamente sólida e, principalmente, como uma personalidade de verdadeira estrela. Em Naïve, a cantora aplica um verniz bem soturno para uma canção indie rock fortemente inspirada pelo rock alternativo dos anos noventa. A punk rock Lipstick tem como “grande destaque os vocais de Willow que acertam pela entrega e pela excepcional produção vocal que dá a atmosfera perfeita para esse tipo de canção”. E nessa salada mista de rock, a artista ainda tem tempo de entregar a mistura de indie rock com hip hop em Xtra com a ótima participação de Tierra Whack, o dueto com a cantora Ayla Tesler-Mabe em Come Home é a faixa mais completa sonoramente de todo o álbum e, por fim, a cantora se diverte com a Avril Lavigne em Grow que, sim, poderia ser maior para aproveitar a interessante produção. Sem ser exatamente uma surpresa que ninguém poderia prever devido ao talento já demonstrado pela Willow, lately i feel EVERYTHING é uma das mais agradáveis “descobertas” de 2021.


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