1 de fevereiro de 2022

Top 75 - Melhores Singles de 2021 - Final

 




Parte I

5. Down
St. Vincent



"Construída como uma funk, art rock com toques de psicodélico e synthpop, Down é organicamente uma explosão que consegue grudar na nossa cabeça como chiclete emaranhado no cabelo. O explosivo, soulful e empoderado arranjo é construído de forma a conseguir expressar toda uma raiva que a performance de St. Vincent apresenta do seu começo ao fim. E também pudera: Down narra a vingança emocional e física de uma mulher abusada/agredida contra o seu agressor. Sem meias palavras ou com medo de soar politicamente incorreta, a cantora se mantem contida em uma letra surpreendentemente direta, mas com um soco no estomago guardado na sua significação final."


4. Incendio
Arca


"Acredito que não teria melhor nomes para Incendio, pois a canção é uma verdadeira explosão incendiaria de potencial altíssima. É complicado delimitar qual seria o gênero que melhor se adequa para a canção já que em cerca de dois minutos e quarenta é nítido ouvirmos uma gama grande de influencia que a Arca se utilizou para construir a canção. Provavelmente, o que mais se encaixa aqui é uma desconstrução de eletrônico misturado com house, EDM e electropop com toques poderosos de latin music, mas apesar dessa adjetivação é ainda difícil entender Incendio sem ouvir. Na verdade, quem ouve ainda tem dificuldades de entender a magnitude sonora que está presenciando devido a inteligência apurada de Arca em produção uma canção cheia de camadas que se interligam de forma fluida e azeitada para criar essa apoteótica peça de arte. A cereja em cima do bolo é a performance acachapante de Arca que ajuda a dar ainda mais personalidade para a canção."


3. Life Is Not The Same
James Blake


"Life Is Not The Same é uma contida, delicada e devastadoramente tocante mistura de indie pop, hip hop, eletrônica e R&B que brilha nos pequenos detalhes. O corro sussurrado que fica por trás da canção durante a sua execução, a leve mudança rítmica entre os versos e o refrão, a texturas elegantes e as nuances delicas que são incorporadas a construção do instrumental, a mudanças vocais de James auxiliado por um backvocal excepcional, a atmosfera levemente melancolia sem perder o romantismo. Cada um desses detalhes auxilia para que Life Is Not The Same em toda a sua falsa simplicidade brilhe como um dos melhores trabalhos de James até hoje. E, por falar no cantor, a maneira como o cantor entoa a faixa com sua versatilidade incrível e a sabedoria de quando e como quebrar expectativas ao adicionar mais força ou acrescentar o momento climático é outra prova do atual momento em que o mesmo se encontra: o seu nirvana."

2. Pennsylvania Furnace
Lingua Ignota



"Quando pesquisei sobre Kristin Hayter, nome de nascimento da artista, descobri que o seu treinamento clássico e a sua excursão por uma quantidade imensa de gêneros ao longo da carreira, indo do art pop até heavy metal na mesma intensidade. Isso já deu uma ideia sobre o que esperar de Pennsylvania Furnace, mas, sinceramente, nada realmente foi suficiente de preparação para o impacto da canção. É até relativamente fácil definir a canção em gêneros, pois claramente a produção constrói uma balada épica a base de piano que ingressa pelo baroque e art pop com generosas pinceladas de neoclassical e experimental. Todavia, definir com clareza as sensações que Pennsylvania Furnace é que é o trabalho duro, pois senti uma mistura de medo, tristeza, elevação espiritual, tristeza e uma angustia melancólica que quase nunca tive ao ouvir uma canção. Grandiosa e, ao mesmo tempo, minimalista, a instrumentalização da canção vai em crescente até explodir em um clímax de deixar a gente quase surdo. Isso é apenas para sustentar a performance vocal brutal e gutural que parece desafiar as leis da natureza ao enfiar pequenas agulhas em nossos sentidos, mas fazer a gente realmente querer sentir mais dessas sensações. Lingua Ignota tem o seu significa em latim como uma língua desconhecida com raízes mágicas. E assim é a cantora ao ser uma artista desconhecida e quase mística, mas que quero realmente conhecer melhor."

1. Introvert
Little Simz


"Primeiro single do álbum Sometimes I Might Be Introvert, a canção é o tipo de trabalho que surge como uma verdadeira explosão que deixa quem ouve completamente extasiado em uma mistura de êxtase com atordoamento. Não gosto muito de fazer comparação entre dois artistas de forma muita direta, especialmente quando se refere uma mulher e um homem, mas para ter uma perfeita ideia sobre o impacto de Introvert é necessário lembrar dos grandes trabalhos do Kendrick Lamar. Totalmente diferente da maioria das canções rap/hip hop da atualidade, o single de Little Simz é uma grandiosa, épica e suntuosa que mistura chamado conscious Hip Hop com uma instrumentalização orquestrada que flerte com a música clássica e o gospel assim como canções como The Blacker the Berry e King Kunta. Apesar de lembrar, o resultado final de Introvert encontra o seu lugar devido ao poder de Little Simz, pois a rapper injeta uma tonelada de personalidade única em uma performance avassaladora e de uma emoção honestamente crua. Sem enfeites desnecessários, a canção conta com os vocais delicados de Cleo Sol durante o refrão e a voz off da atriz Emma Corin, conhecida pela sua interpretação da princesa Diana na série The Crown. E a canção chega ao seu ápice devido a sua genial composição de uma verborragia avassaladora e necessária, a rapper entrega uma crônica espetacular que consegue emocionar e fazer a gente pensar sobre demônios internos, violência policial, racismo, corrupção e empoderamento."

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