29 de outubro de 2023

Primeira Impressão

Jackman.
Jack Harlow



Sabe quando você não tem nenhuma expectativa positiva em relação a escutar um álbum e de repente realmente se surpreende com um resultado inesperadamente bom? Então, esse é o caso Jackman. do rapper Jack Harlow que entrega um resultado bem melhor que poderia esperar, mesmo que ainda fique mais no campo das boas ideias do que da execução.

Com basicamente apenas vinte e quatro minutos, Jackman. mais parece uma coleção de demos, pois, além dessa parca duração, existe uma sensação que parece que o trabalho não foi exatamente finalizado. Quando as ótimas ideias que são construídas para as faixas do álbum estão para serem executadas de maneira a completar todo o seu potencial a faixa termina. Rápidas, rasas e quase sem força, as canções deixam a sensação que Harlow tem muito a falar, mas que não sabe exatamente alongar seus pensamentos criativos para chegar no ponto de ebulição suficiente para ganharam vida plenamente. Na verdade, não existe nenhuma faixa ruim, mas, sim, com a sensação de serem incompletas. Sonoramente, Jackman. é um simpático e melhor que esperado mistura de hip hop, R&B, soul, eletrônico e rap que poderia ser ótimo se tivesse uma produção que pisasse no acelerador para dar velocidade suficiente para que encontrar a sua velocidade verdadeira. E sinceramente, o que é ouvido aqui dá esperança que o rapper possa encontrar o seu caminho como mostra a interessante Blame On Me.

Uma das melhores faixas, a canção se destaque principalmente por ser um dos momentos realmente “completos” do álbum com seus quatro minutos. Com cerca de quatro minutos, a produção tem tempo para explorar melhor o que é proposto pela sua contida, seca e estilizada batida que é o veiculo para uma intensa e pessoal composição sobre a relação conturbada do rapper com seu irmão. Apesar de nem sempre acertar nesse quesito ao entregar alguns momentos de vergonha alheira, Harlow se apresenta um rapper com uma visão que o diferencia de outros da sua geração e até mesmo de gerações anteriores. Quase uma versão inferior, branca e menos inspirado do Kendrick Lamar. O seu melhor momento lírico fica por conta de Gang Gang Gang que é uma critica/crônica sobre a masculinidade tóxica que perdoa/acoberta/minimiza atitudes de homens por eles serem “parças”. Madura e extremamente válida, a canção é o momento em que o rapper se mostra realmente um artista capaz de entregar bem mais. Outros momentos de destaque ficam pela divertida They Don't Love I, a estilizada e soulful Denver e, por fim, fechando o álbum de maneira interessante em Questions. Jackman. é uma amuse-bouche do que o Jack Harlow poderá entregar quando estiver preparado para o prato principal. 

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