22 de abril de 2013

Primeira Impressão

Paramore
Paramore

Em certo momento do sétimo álbum da banda Paramore, a vocalista Hayley Williams dispara: "Alguns de nós tem que crescer às vezes/ E então se eu tiver, vou te deixar pra trás". O refrão de Grow Up pode até não ser uma direta para os fãs já que muitos não vão gostar da nova sonoridade da banda, mas é um claro manifesto de que a banda está a procura da sua evolução musical e está disposta a deixar para trás todas as amarras que os prenderam nos últimos anos. E se depender do resultado do álbum homônimo deles lançado no dia 5 desse mês, eu posso afirmar que eles conseguiram cumprir com muitos louvores essa meta. E vou afirmar mais: não só apenas chegaram nessa como entregaram um álbum surpreendentemente sensacional.

Sempre acompanhei a evolução do Paramore, hoje em nova formação, desde os tempos onde eles faziam um pop rock teen bem ruim passado pelo legal Brand New Eyes (de onde saiu a genial The Only Exception) e comecei a notar que havia potencial verdadeiro na banda (vocês podem ver toda a trajetória deles aqui). Claro, não poderia nunca imaginar que um dia eles iriam entregar um trabalho tão interessante, ousado e realmente de qualidade como o novo álbum deles. Falei anteriormente que os fãs "originais" (uma parte deles) da banda não vão gostar da nova sonoridade escolhida pelo grupo por dois motivos: 1°; eles deixaram de lado o estilo pop rock/punk de butique para teens, e, 2°; eles seguiram o caminho mais arriscado possível e não se "encaixotaram" em um estilo usando dezenas de sonoridades para construir o álbum. E nessa característica que reside a maior qualidade do trabalho: o produtor Justin Meldal-Johnsen, que já produziu desde o Beck até o Black Eyed Peas e era baixista do Nine Inch Nails, ajudou a costurar uma colcha de estilos que mistura rock, punk, pop, eletrônico, soul, new have, indie pop, rock alternativo, pop teen, rock eletrônico, gospel, música latina, algumas décadas como os anos '80 e '90 e ainda outros que não me vem na mente que em nenhum momento se mostra um "samba do crioulo doido". Todo o refinado trabalho de Justin se mostra no cuidadoso processo de criação de cada faixa que não são apenas músicas muito bem produzidas, mas se "ligam" uma nas outras criando uma coesão para o álbum mesmo com a profundidade de sonoridades. Uma surpresa sensacional. Claro, não são apenas "sons" que compõem o CD. O trio acerta em cheio nas composições que mostram uma inquietação bem-vinda de jovens que acabaram de sair da "adolescência musical" e estão em uma busca pela verdade deles. Composições  interessantes aparecem falando de maneira direta e cheia de ironias sobre vários assuntos mesmo faltando algo aqui e acolá que com  tempo o grupo deve conseguir. Hayley Williams está muito bem nos vocais mostrando confiança verdadeira sem parecer àquela menina que queria gritar até o mundo acabar e chegando ao ponto de ser uma "verdadeira vocalista de rock". Entre todas as ótimas faixas posso destacar em especial a canção Ain't It Fun que ao misturar pop rock com soul gospel entrega uma experiência memorável. E se eles desapontarem uma parcela dos fãs, eu espero que uma nova legião possa reconhecer a qualidade do trabalho desse "novo" Paramore já que eles realmente merecem.

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