28 de abril de 2013

Primeira Impressão

Overgrown
James Blake

Posso definir o segundo álbum do inglês James Blake como "genialmente difícil". Ainda pouco conhecido de parte do grande público, especialmente fora do eixo alternativo da Inglaterra, James foi previamente aclamado pelo seu álbum debut homônimo de 2011 e novamente repete o feito com Overgrown. Só não pense que é um trabalho para todos os gostos ou que seja de fácil "degustação".

James Blake é um artista completamente único e quase inclassificável. Partindo de uma base eletrônica, ele vai desenvolvendo uma sonoridade que vai agregando vários estilos, influências e texturas para depois refinar tudo isso com uma visão tão individual que resulta em uma das sonoridades mais originais que eu já ouvi desde que o blog começou. A atmosfera de Overgrown é tão "lúdica" que eu não consigo definir com palavras, mas deixo essa visão para que vocês tentem visualizar o que senti ao ouvir o álbum: "imagine-se no meio de uma floresta deserta coberta pela uma camada de neve eterna e que nunca para de nevar. Você, sem nenhuma proteção, sente o frio glacial entrar em seu corpo trazendo a sensação da morte cada vez mais perto, mas mesmo assim você é inundado por toda uma saraivada de outros sentimentos mais importantes que se esquece dessa sensação e se deixa levar". Difícil, não é? Praticamente produzindo o álbum inteiro sozinho, James mostra uma força inegualável ao somar sua visão artística com trabalhos instrumentais poderosos e composições simples e ao mesmo tempo simplesmente desconcertantes.  Um homem de poucas, mas poderosas palavras. Se não bastasse tudo isso junto, ele é ainda dono de uma voz desconcertante seja em seu singular tom ou na sua espetacular forma de interpretação que é quase um estado de espírito. Nem tudo sai perfeito em Overgrown já que as canções Voyeur e Every Day I Ran (da versão deluxe) não estão à altura do resto do álbum, apesar de serem boas canções. Do resto, Overgrown é um álbum impressionante que precisa ser descoberto por quem não tem medo de entrar em uma experiência "genialmente difícil", mas compensadora.