1 de novembro de 2014

Primeira Impressão

Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics
Aretha Franklin



Ao contrário do que um ou outro critico e uma pequena parcela do público pouco informada pense, Aretha Franklin deve, sim, ser ovacionada por onde quer que passa. E não é puxa-saquismo de quem faz, pois, isso é apenas o reconhecimento sobre a relevância cultural e também social que a cantora construiu ao longo de quase 60 anos de carreira. Para quem tem um conhecimento um pouco mais profundo sabe o quanto Aretha influenciou e influencia diversas áreas do mundo música e a sua importância de maneira direta para a conquista dos direitos dos negros e das mulheres nos Estados Unidos e indiretamente ao redor do mundo. Claro, a cantora não é nenhuma santa quanto se refere à sua pessoa já que ela é um ser humano como qualquer outro. O que dever ser celebrado é a sua importância em relação à sua carreira artística e o seu mais novo trabalho, depois de um hiato de 11 anos em que enfrentou sérios problemas de saúde, deve ser contemplado como mais um capítulo em uma trajetória brilhante.

Não afirmo em hipótese alguma que Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics é um trabalho perfeito estando longe dos grandes álbuns da carreira da cantora como, por exemplo, os clássicos dos anos '60 I Never Loved a Man the Way I Love You, Lady Soul ou Aretha Now que ajudaram a levar Aretha ao estrelato ou muito menos tem o frescor de Who's Zoomin' Who? ou A Rose is Still a Rose que ajudaram a revitalizar a carreira dela nos anos oitenta e no final dos noventa. Porém, o trigésimo oitavo álbum de Aretha é o bom suficiente para respeitar a grandiosidade de sua dona. A voz de Aretha, uma das maiores característica que fizeram sua fama, não é mais a mesma e não é uma surpresa já que a cantora já está com 72 anos e, como dito anteriormente, enfrentou problemas sérios de saúde que afetaram sua voz. Então, não espera a mesma textura e poder que ela tinha nas épocas de ouro. Todavia, com todos esses problemas, Aretha ainda dispõe de uma capacidade vocal invejável que se apóia principalmente na sabedoria adquirida ao longo das décadas em saber como executar a melhor nota no lugar certo e no momento exato. Não acho que funciona o tempo tudo, mas, ajudado pela ótima produção vocal e de backing vocal, Aretha ainda dá grandes amostrar para as cantoras mais jovens do o que é ser uma cantora de verdade.

Ao voltar a trabalhar com o lendário produtor Clive Davis, Aretha resgata uma pareceria importante página na sua história em que, nos anos oitenta, teve a sua carreira reestruturada e revitalizada ao modernizar a sua sonoridade. Em Aretha Franklin Sings the Great Diva Classics percebemos isso pelas escolhas de regravar canções de cantoras contemporâneas e também trabalhar com produtores "modernos" como André 3000, BabyFace, Harvey Mason, Jr. e outros. Há também regravações de clássicos do soul e do pop que ganham novas versões. A produção, de maneira geral, acerta nas escolhas de quais músicas escolhidas, mas, em algumas faixas, erra no caminho escolhido para a realização da canção. Se musicalmente Rolling In the Deep da Adele funciona com a adição de Ain't No Mountain High Enough no final, as duas colidem em relação a suas composições drasticamente diferentes. Além disso, a versão soul/reggae para No One não funciona muito bem assim como a longa duração de You Keep Me Hangin' On. Com esses tropeços de lado, a produção acerta no clássico I Will Survive com a adição de Survivor das Destiny's Child, o medley de I'm Every Woman da Chaka Khan com o seu próprio clássico Respect e, principalmente, em At Last em que Aretha encontra Etta. Aretha Franklin não precisa provar nada sobre o seu lugar na música, mas como lançamentos como este prova que ainda precisamos de Aretha Franklin, ao menos que seja para recordar bons tempos.

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