14 de novembro de 2014

Primeira Impressão

1989
Taylor Swift



Não sou o maior admirador da Taylor Swift e não escondo de ninguém. Todavia, eu fui com o coração totalmente aberto em relação ao que poderia encontrar com o lançamento do álbum que marca a total transição da cantora de estrela country para estrela pop. O resultado final da minha avaliação para 1989 é o que eu esperava: o álbum é o melhor da Taylor, mas, no quadro geral, o trabalho não muda a minha opinião sobre a cantora ser apenas uma artista mediana.

Compreender o grandioso sucesso de Taylor nos Estados Unidos é fácil e passa por razões que vão além da música que ela faz: a jovem é o ápice do conceito da "girl next door" se tornando uma estrela da música. Porém, devido a personalidade de Taylor, esse conceito se expande, pois, a cantora também embarca as novas facetas do estilo como, por exemplo, a defesa de causas dos direitos civis e o apelo pelas redes sociais. Então, passar a impressão que a voz dela representa uma grande parte dos jovens americanos é bastantes fácil e se materializa em vendas de singles e álbuns. E, claro, ajuda muito Taylor ter começado a carreira como promessa country, o gênero mais tipico dos americanos. Essa parte é bem fácil de entender, mas, sinceramente, o que eu não entendo é a babação por parte de uma grande parte da impressa especializada nos Estados Unidos em relação a todo que a cantora produza. E, novamente, em 1989 a situação não é diferente.

Como já escrivi antes, o quinto álbum da Taylor é o seu melhor e não é exatamente uma bomba musical, mas passa longe de um trabalho realmente bom. Tentando criar uma analogia que possa transmitir a minha sensação sobre o CD é a seguinte: 1989 é como um suco aguado, ou seja, tem até gosto, mas não passa de "água com gosto". A primeira coisa que se pode falar é que mesmo concordando com quem se posiciona a favor de que Taylor tem todo o direito de expressar sobre os seus relacionamentos o quanto quiser, também tenho que criticar essa característica, não pelo fato dela fazer, mas como ela faz. Difícil? Explico: não consigo enxergar uma mudança na pessoa lírica de Taylor em relação ao amor e suas vertentes, isto é, Taylor parece não ter evoluído na maneira como ela vê e se relaciona com o assunto. Mesmo com "anos" de experiência, Taylor parece reclamar da mesma maneira de levar dos mesmos problemas como pé na bunda, namorado bundão ou sou problemática: como uma menina minada e um pouco inocente, um pouco safadinha. As músicas possuem composições tecnicamente boas com saídas interessantes e refrões pegajosos, mas que parecem estar em um lopping eterno sobre os mesmo temas e com a mesma visão estática. Claro, isso é extremamente comercial e apelativo para a antiga e nova base de fãs dela. O grande problema, porém, reside na produção dada para 1989.

Como os principais "capitães" do álbum, os produtores Max Martin e Shellback são os responsáveis em dar para o álbum a sua personalidade ajudando a mudar a sonoridade de Taylor. Não há dúvidas que o objetivo é alcançado, pois, sem dúvidas, 1989 é um álbum pop contemporâneo que acerta em cheio no quesito fator comercial. Todavia, a construção dessa sonoridade acaba se tornando uma massificação e repetição de todas as produções que a dupla já entregou. Mesmo com a tentativa de soar madura ao deixar as faixas com uma atmosfera sóbria, a sensação geral que o trabalho passa é que a "já ouvi isso antes e muitas vezes" não vai embora. Isso resulta no apodrecimento do resultado final que se encontra entre a solidez da sonoridade da Pink, a despretensão da Katy Perry ou o frescor da Ariana Grande, mas sem nunca construir algo novo e único ou mesmo se aproximar de algumas dessas das músicas dessas cantoras. Como cantora, Taylor ainda precisa crescer e muito, mas podemos perceber uma boa evolução e uma transição sólida do country para o pop que, infelizmente, é enterrada por uma produção mediana e sem nenhuma inspiração ou originalidade que pudesse elevar a voz da cantora. Sem dúvida nenhuma a canção que melhor chega perto de ser realmente boa é a interessante Style, seguida por Blank Space, Welcome to New York e, por fim, Bad Blood. As outras faixas são apenas mais do mesmo, ou seja, boas produções que não chegam a lugar nenhum. Independente do que for dito sobre a Taylor Swift seja bom ou ruim, não há como negar do poder da cantora que já se fixou como uma das maiores estrelas da música dessa geração.

Um comentário:

João disse...

Pois é, Jota. Eu fico pasmo toda vez que vejo as notas dela acima de 70 no Metacritic