25 de dezembro de 2014

Os Melhores Álbuns de 2014 - Parte 3


Parte 1
Parte 2


15.Cheek to Cheek
Tony Bennett & Lady Gaga


"A grande qualidade de Cheek to Cheek é o que o mais complicado de acertar quando dois artistas combinam forças para realizar para um trabalho como esse: a química entre os dois participantes. Tony e GaGa mostram uma sintonia perfeita desde o primeiro momento do CD com a ótima regravação de Anything Goes. Provavelmente, essa identificação entre os dois artista vista primeiramente em The Lady Is a Tramp, foi o responsável para que a inusitada parceria acontecesse. Ao longo de todo o álbum essa simpatia mutua ajuda a construir a perfeita atmosfera para que os dois "joguem" um com o outro casando suas vozes em harmonias extraordinárias. Só que isso não seria possivel sem que dois cantores entregassem o seu melhor. Apesar de que em vários momentos GaGa parecer forçar demais a sua voz para mostrar versatilidade, a cantora comprava que não é apenas uma simples cantora pop e tem o talento suficiente para sair da sua zona de conforto e mostrar todas as cores e texturas da sua voz. O grande responsável para esse empurrão é Tony. Aos 88 anos de idade e com uma disposição de deixar jovens cantores comendo poeira, Tony ainda possui o mesmo frescor de inicio de carreira apenas recado com as décadas de experiência e sabedoria de quem dedicou uma vida a música. O peso da idade é até sentido aqui é acolá, mas nunca Tony deixa transparecer qualquer sinal de cansaço e, assim como um bom mestre, conduz sua parecera de maneira elegante deixando que GaGa brilhe sem que apagar o seu próprio."


14.Food
Kelis


"Produzido exclusivamente por Dave Sitek (conceituado produtor conhecido pelo trabalho com a banda Yeah Yeah Yeahs),Food é um excelente trabalho que tem a capacidade de se exceder todas as bases primarias sem grandes arrombos de criatividade. A sonoridade básica do trabalho é o soul, mas nas mãos de Dave as canções ganharam um verniz mais alternativo e menos comercial. Adicionando toques de eletrônico vindos do trabalho anterior de Kelis dão um toque mais apurado para as canções. Apesar da construção da sonoridade ser refinada e de uma inteligência inegável o que chama atenção nas faixas e, na verdade, a excepcional instrumentalização feita. Cuidadosa em todos os detalhes e rica em quantidade e qualidade, os músicos por trás estão de parabéns por um trabalho que pouco se ouve no mundo mainstream e, em alguns casos, no mundo mais alternativo. Kelis é dona de uma voz tão crua com seu tom rouco que não precisa de muito para brilhar."


13.The River & the Thread
Rosanne Cash


"The River & the Thread tem como a sua principal qualidade as composições de Rosanne e o produtor do álbum John Leventhal. Falando sobre as viagens no Sul dos Estados Unidos, Rosanne discorre habilmente sobre as idas e vindas, as saudades, as jornadas físicas, mentais e espirituais que todos fazem em algum momento da vida. Usando de suas próprias experiências pessoais a cantora consegue tocar diretamente no coração de qualquer um em qualquer lugar já que todos os sentimentos mostrados são reais e universais. Além disso, a excelência que as letras são construidas mostra o cuidado em criar momentos de verdadeira poesia como nas belíssimas Etta’s Tune ou em The Long Way Home. A produção faz de The River & the Thread um excepcional álbum de country com uma direção mais tradicional e com influências de folk, blues e um pouco de rock. Mesmo seguindo certa linearidade sonora com a maioria das canções em uma mesma toada o trabalho de produção é primoroso na adição de nuances perfeitas dando a personalidade necessária para cada música."


12.That Girl
Jennifer Nettles

"Lançado no começo de Janeiro, That Girl marca o primeiro lançamento solo da carreira de Jennifer. O álbum faz com que a escolha da cantora por lançar um álbum sozinha seja validada da melhor maneira possível, pois That Girl é um ótimo trabalho. Com produção da lenda Rick Rubin em todas as faixas, That Girl se transforma em um CD country adulto que bebe de várias influencias para elaborar uma sólida, refinada e original sonoridade para Jennifer. Cada faixa tem um cuidado impressionante na construção dos arranjos que as transformam em momentos únicos sabendo utilizar toda a atmosfera criada pelas composições. Escritas por Jennifer com vários outros compositores (em sua maioria à quatro mãos) as letras aqui falam basicamente de amor, mas com classe e romantismo perfeitos sem abusar do pieguismo e colocando pitadas de humor em alguns momentos. Em algumas faixas há uma preocupação em fazer criticas honestas e divertidas sobre a sociedade moderna, mas nada que atrapalhe o andamento romântico do álbum apenas acrescenta substância para o mesmo."

11.LP1
FKA twigs

"Para tentar definir qual seria sonoridade da cantora é necessário tentar imaginar o encontro entre a Björk e a cantora Sade Adu. Sim, parece louco e estranho, mas é exatamente assim que eu ouço o som feito pela cantora. LP1 é uma mistura de eletrônico com R&B que resulta em uma sonoridade minimalista que concentra suas energias em construir arranjos que valorizam uma estrutura calculadamente simplista, mas que na verdade é bem mais rica que se apresenta na superfície. 


De uma maneira geral, a produção (também assinada por FKA) utiliza a estrategia de criar instrumentalizações milimetricamente pensadas para valorizar sons, nuances, texturas e batidas estranhas e fora do lugar comum. É tudo muito bem pensado e produzido que em cada faixa a cantora mostra uma faceta diferente sua, porém, sem sair muito do caminho dessa sonoridade criada para o álbum como um todo. O que difere FKA twigs da sonoridade da Björk é a que a primeira caminha em uma direção mais definida sobre sua sonoridade: enquanto a islandesa não tem uma base e, sim, flerta com vários estilos ao mesmo tempo em busca de um som completamente seu e original, FKA segue na direção do R&B. Então, a novata cria sua própria atmosfera unindo dois extremos de influências com um tom noturno e de uma sexualidade vibrante que ajuda a selar LP1 como uma experiência única. Todavia, um defeito aflige a cantora: a falta de uma sensação de "distanciamento" da cantora com o público. Ao contrário de Björk, que mesmo suas canções sendo "estranhas" ao grande público, sempre teve um fator de magnetismo a seu favor."

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