11 de novembro de 2016

Primeira Impressão

Back from the Edge
James Arthur



Back from the Edge, segundo álbum do vencedor da nona edição do The X Factor James Arthur, é um trabalho sobre expiação, ou seja, sobre pagar pelos "pecados" cometidos pelo cantor. E ao final das dezessete faixas podemos concluir que o artista alcança esse resultado em um dos álbuns masculinos mais honesto do ano.

Apesar de qualquer ser monotemático, Back from the Edge escapa de ficar monótono e repetitivo graças a talento de compositor de James e da sua equipe de colaboradores. Em cada faixa é possível notar que cada mensagem construída sobre arrependimento, perdão (de outra pessoa e para si próprio), recomeço e esperança vem de um lugar realmente verdadeiro e, muitas vezes, ainda envolto por muita dor e ressentimento. Não existem saídas fáceis para eliminar esses sentimentos, mas James encontrar o veículo perfeito em letras realmente inspiradas, principalmente devido ao escape que o álbum tem aqui e ali com canções com uma carga romântica como é caso do single número um em seis países Say You Won't Let Go ou a estilo Ed Sheeran Can I Be Him que tem uma das letras mais melancólicas do álbum. O cantor se mostra um ótimo contador de história em suas criações, pois elas possuem a qualidade rara de serem extremamente pessoais e, ao mesmo tempo, encontrar moradia nos sentimentos do público. Além disso, o trabalho mais técnico, isto é, a maneira como é elaborada cada verso, cada palavra, cada rima e cada refrão é de um artista em pleno amadurecimento artístico que, mesmo que precise aparar algumas arestas soltas, demonstra um poder de expressão singular, refinada e, surpreendentemente, bem popular. Infelizmente, Back from the Edge tem algumas falhas que atrapalham o resultado final.

O principal defeito é a falta de direção sonora que permeia todas as faixas. Ao contrario do seu álbum debut de 2013 que parecia ter um foco um pouco mais decidido, Back from the Edge meio que atira para todos os lados sem ter um lugar ao certo para mirar, indo do pop rock, passando pelo pop acústico e o pop rock e chegando ao indie pop e até mesmo no soul e gospel, mas sem nunca encontrar uma sonoridade que possa ser chamada de sua. Um exemplo muito bom disso é a sequência de faixas que começa com a soul pop/gospel I Am, seguida power balada pop Train Wreck e pela triste indie pop/rock Safe Inside e termina na R&B/rock dançante e sexy Sober. Não existe um progressão sonora entre as faixas, mesmo que sejam trabalhos muito acima da média. Ainda bem que as suas qualidade individuais funcionam tão bem que se tornam a base ideal para o Back from the Edge. Assim como a presença quase descomunal demais da voz gutural de James e a sua interpretação tão única e sem igual atualmente é o veiculo ideal para expressar todos as dezenas de sentimentos impregnados em cada canções. Performances avassaladoras como em The Truth ou em Sermon mostram o nível do poder vocal de James que ainda precisa saber lidar melhor com o seu instrumento, evitando certos exageros. De qualquer forma, Back from the Edge é um trabalho realmente digno de ser tudo o que o James Arthur desejou: um novo começo.

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