12 de abril de 2017

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns (Edição Vencedores do Grammy de Álbum do Ano)

The Barbra Streisand Album
Barbra Streisand


Hoje começo mais um edição temática dentro do Antes Tarde do Que Nunca ao revisitar alguns dos álbuns vencedores do Grammy de Álbum do Ano nos últimos quase cinquenta anos em que a cerimônia existe. Para começar escolhi um álbum que praticamente lançou a carreira de um dos maiores ícones do entretenimento mundial de todos os tempos: The Barbra Streisand Album, primeiro álbum da carreira da lenda Barbra Streisand.

O ano era o de 1964. Apenas cinco cerimônias do Grammy já tinham sido realizadas até aquele momento. Então, uma jovem cantora, praticamente desconhecida do grande público que tinha como experiência apenas performances em boates, e que tinha lançado o seu primeiro álbum um ano antes venceu a categoria mais importante da noite. Então, com apenas 20 anos de idade, Barbra Streisand se uniu a Jady Garland como uma das duas mulheres que até então tinham vencido o prêmio de Álbum de Ano e ajudou a lançar uma carreira que a faria se tornar uma verdadeira lenda americana. E apesar de mais de mais de cinquenta anos de seu lançamento e vitória, The Barbra Streisand Album ainda mantem a sua atmosfera de um grande marco da cultura pop ao ser, sem nenhum dúvida, uma verdadeira Bíblia dos vocais ao ter em Barbra uma verdadeira força da natura em estado brutíssimo.

Tente imaginar que a mesma cantora que com o passar dos anos seria considerada uma das maiores vozes da música com a sua carreira na música e cinema, guardando até hoje com mais de setenta anos uma qualidade vocal invejável, no começo dos seus vinte poucos anos de idade que, mesmo ainda sem exatamente ter muito experiência, estava com a sua voz ainda no começo da seu florescimento e, mesmo assim, já era dona de um técnica e poder vocal incomparável. Não é apenas ter a capacidade de alcançar com perfeição as grandes notas, mas, principalmente, saber como entoar cada nota de uma forma tão única, tão cheia de personalidade, tão fora de qualquer lugar comum, tão diferente do que já tinha sido feito até então e tão frente do seu tempo que foi capaz de iniciar quase uma nova era na música nos Estados Unidos. Suas interpretações em cada canção são tão marcantes que cada faixa é, na verdade, um evento épico devido a entregar emocional de Barbra. Performances essas que muito bem poderia ser o grande momento de um muito bem ápices de diversos musicas estrelados pela artistas e todos seriam ovacionados de pé. É muito fácil notar o que digo logo de cara com a devastadora performance de Cry Me a River que ajuda a elevar esse clássico da música norte-americana em um outro patamar. Com a cantora fazendo jus ao nome que foi dado ao álbum, ou seja, sendo a alma e coração integral "do álbum da Barbra Streisand" não espere, porém, que o trabalho seja algo inovador no quesito de sonoridade, pois o trabalho é, resumidamente, conservador.

Não entenda mal quando digo que The Barbra Streisand Album não foi e não uma revolução sonora na história da música. O álbum, produzido por Mike Berniker, é basicamente uma coleção de regravações de músicas do cancioneiro estadunidense e de canções de musicais da Broadway quase desconhecidas naquela época. Isso ajuda a transformar o álbum em um gênero que definido como classical pop, ajudado pela gravação com a captação de áudio de uma orquestra ao vivo. Claro, as onze faixas possuem uma parte técnica de uma qualidade técnica característica daquela época, mas que, analisando friamente, soam um pouco datadas atualmente. Todavia, a elegância que as músicas são conduzidas e a grandiosidade dos instrumentais ajudam a dar uma áurea atemporal para o trabalho, mesmo que com algum teor de naftalina. Outro problema de The Barbra Streisand Album é a escolha de algumas canções do álbum, pois alguma delas não tem a mesma força emocional ou a qualidade criativa que os grande momentos do álbum como, por exemplo, I'll Tell the Man In the StreetMuch More, mesmo sendo carregadas pelas performances de Barbra. Entretanto, o álbum nos recompensa com momentos de pura genialidade como a já citada Cry Me a River, My Honey's Loving ArmsWho's Afraid of the Big Bad WolfHappy Days Are Here Again (indicada naquele de 1964 para Gravação do Ano) e A Sleepin' Bee. Adicionado em 2006 no prestigiado Grammy Hall of Fame, The Barbra Streisand Album é um daqueles álbuns que podem até envelhecer de alguma forma, mas a sua importância para a música é tão importante e decisiva que o torna algo atemporal.